terça-feira, 18 de dezembro de 2012

QUE A CHUVA CAIA!

Sinto um, dois, três, mais e mais pingos de chuva a tocar meus ombros, cabeça, face e peito. Num impulso retiro um dos pés do chão! Primeiro movimento, reflexo, automático, de quem pretende no segundo seguinte disparar em fuga! Porém, graças a intuição, ao sopro divino de inspiração, torno a pousar o pé no solo. Aquele mesmo, que à um segundo atrás punha-se a elevar-se e a iniciar a debandada!
Quanta felicidade por ter ficado! Nos momentos que se seguem, os pingos que antes eram dez, onze, doze, agora tornaram-se incontáveis, tamanha a quantidade de vezes em que me atingem e a velocidade em que percorrem o céu, como se tivessem pressa em me banhar! Cheiro de terra molhada invade meu olfato, meu espírito! Ativa a memória e traz a criança que mora em mim, aquela do interior, de pés descalços, sem camisa e barcos de palito a competir nas enxurradas das chuvas. Gripe, leptospirose, nunca vi! Cheguei até a acreditar que não existiam, pelo menos nas enxurradas de Assis! Ou se existiam, tinham pena de adoentar crianças tão "crianças", cuja a única preocupação era a de obedecer os pais e se divertir.
Caia chuva! Venha sem rodeios! Deita em meu corpo seus pingos de alegria! Banha minha memória com as lembranças mais bonitas! Leva com sua força minhas imperfeições e renova minhas forças para o dia de amanhã!
E pensar que quando começou a pouco a precipitares do céu, eu quase fugi de ti!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

JUSTIÇA SE FAZ COM CONHECIMENTO, POSTURA, VONTADE E BOM SENSO!

Nos últimos meses temos acompanhado no STF o julgamento referente ao Mensalão. A análise acerca da condução do referido julgamento, bem como das inferências, debates e resultados, sobretudo, das condenações, propicia à população brasileira um sentimento de mudança de rumos, de quebra de paradigmas, de prevalência da justiça, em seu maior grau de aplicação.
Em resposta à zombaria e incredulidade por parte da maioria dos réus - que não acreditavam na condução de um processo sério, honesto e justo - o STF demonstrou comprometimento fiel e inabalável com a estrutura democrática de nosso país e com a nossa sociedade não obstante a relação dependente existente  entre o processo de nomeação dos notáveis Ministros e o Senado e a Presidência da República. 
Dessa forma, creio que o processo de julgamento do esquema conhecido como Mensalão revela-se como um divisor de águas (assim realmente espero) na política e justiça brasileira, atuando primariamente para a apuração, responsabilização e punição dos sujeitos envolvidos no esquema e, secundariamente, como um aviso, uma determinação clara e séria, de que daqui para frente tanto a sociedade, quanto seus órgãos de proteção, em todas as instâncias, em especial o STF, não tolerarão o abuso do poder político e econômico de seus representantes, nem qualquer forma de dolo as instituições públicas e democráticas.
Contudo, o processo de julgamento do Mensalão encontra-se em uma fase de discussão e votação quanto a quem caberia a responsabilidade de cassação dos mandatos atuais e direitos políticos dos réus condenados - se ao próprio STF ou ao Congresso Nacional. Este momento tem se caracterizado por uma divisão de opiniões e posturas dos Ministros quanto ao entendimento da questão, o que resulta em apreensão social.
Se por um lado o STF trouxe-nos não só a sensação, mas sobretudo uma boa dose de certeza e esperança em relação a aplicação da justiça e defesa dos interesses de nossa nação, por outro, não podemos e nem devemos - dado o histórico - confiar na atuação do Congresso Nacional no que concerne à execução das penas de cessação dos mandatos atuais e dos direitos políticos dos réus condenados.
Aliás, já circulam na mídia séria e comprometida com o processo, informações acerca de estratégias e ações que já começam a ser arquitetadas e desenvolvidas pelo Congresso, tendo como único e maior objetivo a proteção de seus pares condenados, um verdadeiro conluio que fere e abala profundamente os alicerces da justiça e democracia nacional.
Não teria a pretensão, em hipótese alguma, de me lançar em discussões jurídicas e legais com nossos honrados Ministros do STF, uma vez que me falta nitidamente conhecimento e competência profissional para tal, contudo, o que não me falta é discernimento e bom senso. 
Não é preciso - em um país como o nosso - ser um notável jurista para saber que se o Grand Finale deste processo ficar a cargo de nosso Congresso Nacional, correremos o sério risco de se ver posta abaixo toda a justiça que até o presente momento foi feita de forma tão pontual e inédita em nosso País.
O mesmo discernimento e bom senso não me permitem entender qual a dúvida existente em relação a imediata ou não cassação dos atuais mandatos dos réus condenados no processo, sobretudo em tempos de aprovação e aplicação da lei da ficha limpa, e principalmente, uma vez que os crimes cometidos tiveram como base fomentadora a posição política que os mesmos possuiam. Tirá-los dos cargos é garantir a não continuidade deste esquema vil, e tão prejudicial à nossa nação.
 A verdadeira justiça se faz com conhecimento, postura, vontade e bom senso!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O PAPEL DA CRÍTICA!


Toda boa e responsável crítica contestatória deve ser realizada tendo como parâmetro suas funções básicas, simples, porém extremamente fundamentais. São elas: alertar, questionar, propor soluções, desejar mudar/melhorar.

Para tanto, se faz necessário dominar o assunto que se pretende abordar, conviver no ambiente que se pretende analisar, e principalmente, viver as experiências as quais se pretende opinar e propor transformações.

A vivência e interação com o contexto que se pretende influenciar é premissa Sine Qua Non para aquele que faz da crítica um ato responsável, uma ação que prima por objetivar a reconstrução das ações, estratégias e cenários, que após análise preliminar, mostraram-se ineficazes em promover os objetivos a que se propuseram.

Contudo, a crítica exercida sem parâmetros e critérios, muitas vezes realizada por pessoas desprovidas de um mínimo de ética e conhecimento técnico/profissional relativo ao objeto/ação/projeto criticado, revela um único e infeliz objetivo, o de denegrir o objeto da crítica.

Costumo alertar e recomendar cuidado para com pessoas que possuem o senso de crítica enraizado em suas ações sem, contudo, comprometerem-se com a parte fundamental do processo – a sugestão de possíveis soluções para os problemas analisados e criticados.

À estes, cujas ações não se estendem além do apontamento de possíveis erros, deve-se atentar constantemente, uma vez que não se comprometem sob circunstância alguma com o todo, possuindo uma visão e ação egocêntrica, fomentando ações que possam surtir efeitos positivos apenas pra si, em detrimento de outros.

Melhor dizendo - na tentativa de facilitar o entendimento - quando um sujeito envolvido direta ou indiretamente em alguma situação, ação, projeto, etc. tende a agir de forma acentuada, fazendo o apontamento contumaz dos erros, inclusive criticando outras pessoas de forma antiética, sem o mínimo de postura profissional e principalmente, sem oferecer sugestões de soluções e mudanças que possam, sobretudo, reverter o quadro negativo por ele acentuado, há de se questionar: Com que propriedade esta crítica está sendo exercida? Qual a base de sustentação para o exercício desta crítica?

Não é de se espantar, ao se questionar e analisar as ações daqueles que só fazem criticar, que encontremos erros, desmandos, falta de comprometimento e de profissionalismo em grau muitas vezes superior ao daqueles outrora criticados por estes sujeitos.

Não raro, ações pontuais e constantes de apontamento de problemas e críticas, acabam por serem utilizadas como uma forma de se acentuar o problema dos outros, ao mesmo tempo em que se desvia a atenção dos próprios problemas.

Não se trata aqui de se exercer uma crítica aos críticos (não pude resistir!). Porém uma crítica consciente, responsável e eficiente deve estar muito bem embasada, tendo como objetivo máximo alertar para as questões que se apresentam equivocadas, questionar os erros e problemas que se pôde visualizar por meio da vivência da situação analisada, e sobretudo, propor soluções, mudanças e ações que possam gerar os benefícios esperados.

Tudo isso deve ser feito com muito profissionalismo, respeito e ética! É desse tipo de crítica e crítico que todos nós necessitamos! 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O QUE ME INSPIRA À ESCREVER?

Tenho andado um tanto preocupado comigo, com meus anseios, pensamentos e produções.
Apesar de me considerar um sujeito feliz, e ser um bom apreciador das coisas belas da vida e de tudo aquilo que torna um ser humano alegre (ou deveria tornar), tenho percebido uma certa dependência estabelecida no processo criativo para elaboração de meus textos.

É certo que todo aquele que produz, escreve sobre algo, alguém, algum lugar, e assim, por consequência, estabelece sua produção por meio da dependência e/ou interdependência destas questões.

Contudo, percebo que minha inspiração está alicerçada e por isso depende, de questões que têm por característica provocar-me insatisfação, angústias, anseios e por vezes, indignação.

Ao me deparar com alguma injustiça, arbitrariedade ou violência, pronto estou a buscar uma caneta, papel, ou o teclado do computador, a escrever naturalmente, instintivamente, sobre as percepções e questionamentos que surgem espontaneamente.

Não que isso seja um problema! Pelo menos para mim não é. Porém, ultimamente ando me questionando: Será que belas passagens, vividas com amigos, cerveja gelada no bar, café e pão na chapa da padaria, não poderiam se transformar em belas e suaves crônicas em meu intelecto?

Ahhh, tarefa árdua e quase impossível! Ao menos à mim. Novamente lembro-lhe, caro leitor, que amo a vida, os amigos, a cerveja gelada do bar, os cafés e as padarias, e sou extremamente feliz por poder desfrutar de tudo isso, porém, apenas desfrutar.

Escrever!? Para mim, só se for para questionar, alertar, polemizar, propor soluções, procurar mudar.

E convenhamos, vida regada à cerveja gelada, na companhia de bons amigos, em um bom e velho barzinho, finalizada por um belo café de padaria jamais deve ser questionada, mudada ou solucionada afinal, situações como estas, em inúmeras vezes, poderiam se tornar a solução para muitos dos nossos problemas. 


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UTOPIA E INGENUIDADE DE UM EDUCADOR!

Tenho refletido há algum tempo sobre as questões urgentes que evolvem a Educação Escolar Pública nos dias atuais! A falta de estrutura patrimonial em geral, baixa remuneração de professores, desmotivação profissional dos sujeitos envolvidos no processo educacional, são alguns dos pontos que me preocupam e geram apreensão.
Contudo, certamente, a desvalorização educacional pela sociedade, e a falta de significação da escola para os alunos que nela se encontram (entende-se aqui por significação, a relação que o aluno é capaz de fazer entre a escola e seu cotidiano de vida atual e futuro, preferencialmente no mercado de trabalho e em suas relações interpessoais), revelam-se, para este Educador que vos escreve, o problema central deste sistema complexo, o tumor que a anos vem minando as forças daqueles que ainda acreditam e sonham com uma Escola de qualidade, que trabalhe de maneira efetiva, e que seja capaz de mediar a apropriação por parte dos educandos, de conhecimentos e ferramentas que sejam decisivos na determinação de um futuro promissor, em última análise, de um mundo melhor.
Em suma, creio que nos dias atuais, já não basta apenas investir em estrutura física, tecnologias, e nos salários dos profissionais da Educação. Não que tais investimentos não sejam necessários, muito pelo contrário, são urgentes, entretanto, mesmo que estes fossem realizados de forma imediata, ainda sim seguiríamos nossos dias colecionando frustrações e desânimo.
Nós, Educadores, descobriríamos que a equiparação e aumento salarial imediatos não serviriam para sanar nossos maiores e mais atuais problemas: as já citadas FALTA DE VALORIZAÇÃO EDUCACIONAL E FALTA DE SIGNIFICAÇÃO DA ESCOLA para a sociedade.
Para que a escola e a educação possam cumprir seu papel social, faz-se urgente a elaboração e adoção de planos, estratégias e ações que busquem transformá-las em laboratórios ativos de preparação para a vida que segue em seu curso futuro, de um futuro quase presente, que se apresenta tão velozmente que as vezes confunde-se com o passado - admitindo que atualmente, em algumas áreas, o ontem já é, efetivamente, parte do passado.
Para isso não basta apenas remunerar os profissionais, e sim, promover capacitações e atualizações constantes! Construir novas identidades, estratégias, métodos, que tornarão as aulas mais dinâmicas e os conteúdos mais interessantes e apropriados para o cotidiano de vida que se apresenta.
Neste contexto sim, a remuneração justa e adequada se faz necessária, pois irá permitir que o profissional não tenha que trabalhar em três períodos para sobreviver, sacrificando o tempo precioso que deveria ser empregado em cursos, atualizações, capacitações, planejamento de aulas e ações, etc.
Por um outro lado, tão ou mais importante, é a necessidade da adoção de uma postura aguda, que represente uma VONTADE POLÍTICA incisiva de se VALORIZAR A ESCOLA E A EDUCAÇÃO! É preciso conscientizar a população com relação a importância e a necessidade de se obter conhecimentos, cultura e ferramentas que possam de forma efetiva promover uma transformação social e a melhora das condições de vida. 
E estas ações deveriam sempre partir do GOVERNO, para quem a ignorância, a falta de educação e dos valores éticos e morais deveriam ser alvo constante de combate e erradicação.

Sei que estas frases, sobretudo as últimas, parecem revelar certa utopia ou ingenuidade deste que vos escreve! Sou EDUCADOR, e como tal, se ainda não fosse provido de certo ideal utópico e de certa pincelada de ingenuidade profissional, certamente haveria de ter abandonado a profissão tamanha a desilusão que a realidade nua e crua nos oferece!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

RESPEITO E COMPROMETIMENTO COM O CIDADÃO - o melhor legado que se pode deixar!

Confesso que o tema revela-se por demais complexo e delicado. Sobretudo para mim, profissional da área da Educação Física, naturalmente identificado com o esporte. Contudo, com a publicação de um livro que discute a questão referente ao sonho de jovens carentes em se tornarem jogadores profissionais de futebol, e a criação - dentro do contexto do livro - de um contraponto com a desvalorização educacional, a criminalidade, a falta de investimentos financeiros e em ações efetivas em áreas como saúde, segurança, entre outras, em nosso País, não poderei furtar-me à expressar minhas reflexões com relação a realização de "Mega Eventos Esportivos", tais como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016!

É inquestionável e inevitável que eventos deste porte, com tamanho potencial de marketing, de abrangência à nível mundial, acabem por gerar um grande influxo de dinheiro na economia de nosso País, quer seja pela atração de investidores e investimentos, ou mesmo pelo impulso movimentador da economia em diversos setores – hoteleiro, gastronômico, comercial, turístico, de transporte, entretenimento, entre tantos outros, inclusive o próprio comércio informal.
Dinheiro líquido e certo! Quem não se anima com tal potencial?
Toda esta atmosfera tem o poder imediato e estimulante de proporcionar à todos os envolvidos neste contexto, inclusive a própria sociedade, uma postura de condescendência para com ações emergenciais - na realidade estratégicas em sua origem política - de contratações de serviços, de pessoal e empresas, sob custos altíssimos, para a realização das obras de infraestrutura, treinamento, etc, tendo como justificativa um aparato legal - melhor apreciado como brecha - o caráter diferenciado e emergencial para a realização das referidas ações, devido ao tempo limite de tempo para a execução, o que abre a possibilidade de se contratar sem a necessidade da observância de questões que deveriam assegurar um processo democrático e justo de licitações. Temos aqui uma porta escancarada para o desvio de verbas e enriquecimento de poucos envolvidos em detrimento de um País caracterizado por desigualdades sociais.
Da mesma forma, procura-se defender e justificar a realização destes eventos, tendo como base o legado que se é herdado após suas realizações. Aparelhos esportivos e tecnológicos de última geração, melhorias em estruturas de transporte viário e aéreo, estruturas arquitetônicas operacionais e residenciais, que dentro de um "imaginário idealista", estariam prontamente a disposição da sociedade, tão logo o encerramento destes eventos se desse, para pronta apropriação e consumo.
Pessoalmente não posso afirmar que confio na competência e no comprometimento dos governantes brasileiros em manter e administrar de maneira eficiente este legado. Como confiar em tamanho comprometimento e eficiência, se estas posturas, tão fundamentais para o exercício da democracia e justiça, tão pouco são adotadas nos processos de preparação destes eventos?
Porém, não exponho aqui apenas minha opinião. Sugiro a leitura de uma pequena reportagem (representativa de outras tantas notícias que se pode ter contado após breves pesquisas) que encontra-se no link: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/11/prefeitura-desiste-de-reforma-e-confirma-demolicao-do-velodromo.html, e que representa muito bem não só o risco de se empunhar a bandeira de que no Brasil "apesar de tudo ficar para a última hora, acaba acontecendo" (postura enraizada e "aceita" em nossa cultura local, porém um motivo de constrangimento nacional ao tentar impô-la como natural ao mundo), como também o descaso do poder público com os gastos realizados em estruturas inadequadas para a prática do esporte, a ponto de ter que se inutilizá-las após cinco anos passados de sua data de construção. Refiro-me como exemplo ao Velódromo construído na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2007 devido a realização dos Jogos Panamericanos, realizados naquela cidade no referido ano. Foram gastos (na época) em torno de R$ 14 milhões em uma estrutura que atualmente foi recusada pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016, por possuir uma séria de problemas conceituais em seu projeto, o que torna inviável sua utilização.
Demoli-se o "antigo", constrói-se um novo, sob a justificativa de cumprir com os padrões exigidos, por um valor maior estimado em dez vezes - R$ 140 milhões. 
Contudo, o que mais me impulsiona a reflexão é a seguinte equação: em um País de tantas desigualdades sociais, com tanta falta de investimento em setores fundamentais e básicos para a garantia de uma vida digna (educação, saúde, transporte, segurança, onde pessoas vivem em condições sub-humanas, ainda morre-se de fome, ainda sofrem com a falta de água, ainda vive-se nas ruas à margem da sociedade - NENHUM LEGADO DE UM EVENTO ESPORTIVO, POR MELHOR QUE SEJA, SERÁ MAIS IMPORTANTE DO QUE CUIDAR DE SEUS CIDADÃOS COM RESPEITO E COMPROMETIMENTO!



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"FELICIDADE X SOLIDARIEDADE"

É incontestável, uma vez que se embasam cientificamente, os fenômenos de melhoria da qualidade de vida, de aumento de bem-estar, da auto estima, e dos níveis de saúde quando se é ou está feliz!
Em suma, ser feliz, alegre, rir de tudo, dos problemas, minimizá-los, é ser saudável!
Contudo, proponho os seguintes questionamentos:
Sob qual base moral, ética, social e solidária, estamos ou estaremos agindo, com o pretexto ou objetivo de se manter ou buscar a tão sonhada felicidade, melhor ainda tendo como consequência a melhoria da saúde?
Qual o tipo ou modalidade de felicidade que estamos reportando ou ensejando por meio de nossas ações, muitas vezes individuais, alicerçadas em valores pessoais, egocêntricos e limitados, compartilhadas com algumas poucas pessoas que nos são próximas, e se assim o são, talvez o sejam mais pelo interesse, também próprio e egocêntrico, que por ventura também possuam?
Antes que me perca em filosofias subjetivas e seja traído pela tentação da abstração, procurarei ser mais claro para que não confunda a mim e tão pouco aos leitores.
Observo diuturnamente nas redes sociais a instauração de um processo contínuo de desapropriação e depreciação dos valores básicos sociais, referentes à ética, a moral, a solidariedade, a caridade e o amor.
Pessoas que não apenas ignoram a gravidade de situações que nos afligem cotidianamente, tais como o maltrato a animais, a seres humanos, em situação de miséria e vulnerabilidade, ignorância cultural e intelectual, e vitimas de catástrofes, como também debocham das referidas situações, como se estivessem acima e à margem dos problemas sociais.
Não os convido a uma análise ingênua a respeito de posturas insensíveis e carregadas de preconceito, depreciativa dos valores que deveriam embasar nossa existência. Estas posturas nada apresentam de contemporâneo, existindo desde sempre, desde que o ser humano colocou sua vaidade acima de tudo. Desde que a sociedade passou a dar mais valor ao “TER” do que ao “SER”.
Entretanto, o que mais me causa assombro e preocupação, é que estas posturas apresentadas em épocas mais distantes eram bem evidentes, pois tinham o endosso político-social da época, em período de rigidez política, machismo e poder da igreja – para citar alguns exemplos.
Com o passar das décadas, os preconceitos, discriminações e falta de solidariedade passaram a diluir-se e camuflar-se em nuances sociológicas, que se não serviram a contento para extinguir as referidas práticas, exprimiram de certa forma uma pequena evolução rumo a uma sociedade mais ética, justa, caridosa e humanitária.
Infelizmente, nos dias atuais, percebemos uma tendência para uma inversão deste processo de humanização, uma vez que é flagrante e frequente, sobretudo em redes sociais, o deboche, o humor, o sarcasmo e o descaso, tendo como foco situações cotidianas sociais que nos deveriam causar indignação, revolta, preocupação e compaixão.
Tomo o caso, o mais recente, a catástrofe provocada pelo Furacão Sandy como exemplo. Pessoas estão perdendo suas vidas! Crianças estão ficando sem pais, e pais estão ficando sem seus filhos! Produtos de uma vida inteira de lutas e conquistas foram arrasados em minutos. Contabilizam-se perdas de casas, carros, escolas, hospitais, entre outros.
Pessoas terão que sobreviver ainda por muito tempo sem o mínimo de estrutura básica necessária – água, luz, saneamento, moradia, educação, transporte, saúde, segurança. E mesmo quando todos estes problemas estiverem sanados, ainda sim estarão chorando suas perdas, sobretudo daqueles que lhes eram queridos e amados.
Em um cenário tão dramático, exposto em tempo real pela rede mundial de computadores e telejornais, encontramos em abundância pessoas satirizando a situação, “minimizando o problema”, sob a égide da ciência e da filosofia mal compreendida, e pior aplicada, que diz que não devemos nos abater frente às questões negativas, e se possível levar tudo na esportiva, com o sorriso nos lábios.
Sem dúvida não devemos permitir que os problemas nos abatam a ponto de nos chocar e paralisar. Contudo, devemos ter sensibilidade suficiente para percebermos a gravidade dos fatos, para nos compadecermos e nos solidarizarmos com as vitimas, para que possamos transformar nossa alegria em energia e ações efetivas de fraternidade e apoio.
Feito isso, aí sim poderemos estar a manifestar nossa plena felicidade com relação ao fato, que por mais catastrófico que possa ter sido, trazendo a tristeza das perdas de quem amamos e daquilo que temos, também terá sido capaz de gerar os mais puros, sinceros e belos sentimentos e atos de amor, caridade, solidariedade e presteza. Sentimentos esses que deveriam vigorar sempre nas postagens de nossas redes sócias.

domingo, 21 de outubro de 2012

A BUSCA PELO EQUILÍBRIO

Tenho desde muito cedo convivido com a ideia, melhor dizendo, com a "certeza" de que o equilíbrio é a melhor postura, atitude, decisão, que se possa ter e tomar.
Inúmeros autores, políticos, economistas, terapeutas, líderes espirituais e de botequins, discorrem sobre o tema e a necessidade de se encontrar o referido equilíbrio nos momentos mais tensos, durante as decisões mais difíceis, diante das situações que nos são mais caras.
Contudo, se por um lado o alerta para sermos equilibrados nos é dado naturalmente, como se fosse uma regra a ser respeitada e seguida constantemente, por meio da ação que se dá com parcimônia, paciência e persistência, por outro, podemos notar, ou melhor, sentir em nossa própria pele, coração e alma, o quão difícil se faz a empreitada, que exige muitas vezes de nós esforços "sobre-humanos".
Viver é conflitar-se constantemente! É ter que decidir entre a imediata, a automática e reflexa ação de responsividade que muitas vezes nos induz ao erro, ou a paciência, a análise e a resiliência, todas estas, ações propiciadoras e/ou resultantes do equilíbrio de ações e posturas.
Equilibrar-se não consiste em estado estático, alcançado e por assim determinado. Para nós humanos, e meros mortais, o equilíbrio revela-se como uma busca constante, dinâmica, muitas vezes uma luta, em outras tantas, uma dança, onde procuramos conduzir, porém onde também somos conduzidos. 
O equilíbrio revela-se com uma referência, um estágio a ser buscado, a ser alcançado, sem contudo o ser de fato. Buscar equilibrar-se é conquistar fases para evoluir. Por mais poético que possa parecer, essa ação requer dedicação permanente e um esforço "Hérculeo", na acepção da História deste semi-deus, que vivia em conflito na busca pelo equilíbrio, representado por suas características e origens humanas e "divinas".
Não somos nós todos também assim? Imagem e semelhança do Criador, com um potencial divino inato, contudo humanos em busca de equilibrar-se no fio de nossa existência?



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AO MESTRE COM CARINHO

Hoje busco em minha memória a imagem daqueles que no passado lapidaram meu intelecto e me fizeram acreditar que tudo é possível, desde que se queira verdadeiramente e se dedique. Neste mesmo passado, professaram à mim meus pais, meus avós, os pais de meus amigos, o senhor que vendia pipoca nos jogos de basquetebol que assistia constantemente. Vivia em uma época em que a sociedade se empenhava e se dedicava à professar, educar seus filhos, os filhos da sociedade.
E neste cenário adentrávamos à escola, aos seis ou sete anos, e lá, PROFESSORES, professavam com maestria, e para nós era natural, na verdade ansiávamos por seus conhecimentos, pois éramos ensinados por nossos pais não só a respeitá-los, sobretudo à admirá-los. 
E como não admirá-los, uma vez que encontrávamos neles o eco dos ensinamentos proferidos em casa? Como não contemplá-los se a relação que desenvolvíamos com eles era baseada na afetividade e sobretudo no respeito e na confiança? 
Não quero ser saudosista por excelência, tão pouco quero parecer pessimista em relação à educação e ao valor dado à ela e aos professores nos dias atuais, contudo à de se refletir, e consequentemente se perguntar: o que nós, sociedade, estamos fazendo com nossas crianças e com o futuro de nosso mundo? Não valorizar a Educação e seus trabalhadores é não buscar a evolução intelectual que impulsiona a enorme roda da VIDA.
Ensinamentos são passados através de eras, e os PROFESSORES são os responsáveis por organizar, direcionar, ensinar e sobretudo, estimular a busca por um futuro mais digno, justo e produtivo. E falo aqui de uma produção humana, pautada no respeito, na solidariedade, no amor ao próximo, aos animais e à nosso planeta.
Seremos capazes de atingir esse objetivo na medida em que caminharmos rumo à uma verdadeira humanização, que só pode ser realmente conquistada por meio da evolução moral, espiritual e intelectual, que nos afastam da primazia e da instintividade.
À todos os meus MESTRES, que deixaram registradas em mim as marcas do saber, que plantaram a semente  da busca constante pelo conhecimento, que me ensinaram que o maior sabedor é aquele que constantemente inquieta-se com o que não sabe, meu MUITO OBRIGADO!
Hoje procuro produzir humildemente textos, artigos, crônicas e livros,  e se assim o faço, devo à vocês, que me ensinaram, mas acima de tudo que me inspiraram e me fizeram confiar na capacidade e na possibilidade de se construir um mundo melhor.
FELIZ DIA DOS PROFESSORES!!!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

DIA DA CRIANÇA! VONTADE DE SER CRIANÇA!

Poucas coisas me fazem assumir posturas saudosistas! Costumo avaliar minhas experiências considerando diversos aspectos - evolução espiritual, desenvolvimento intelectual, financeiro, afetivo, etc - e por fim, acabo quase que na maioria das vezes, por chegar ao mesmo resultado: o de que procurei viver o melhor e mais intensamente possível todas as fases da vida que se fez presente, até o momento presente, tendo como base os ensinamentos de meus pais, minhas condições atuais de evolução espiritual e a relação permanente com o mundo e as pessoas. Errei muitas vezes, porém meu verdadeiro e honesto objetivo sempre foi o de acertar.
Contudo, antes que me disperse, escrevo para dizer que talvez a única fase de minha vida da qual realmente guardo uma saudade imensa, àquela que gostaria de voltar por alguns momentos, sobretudo os mais difíceis, é a minha infância. A infância que se desenrolou em uma época em que o ingresso à escola se dava só após aos sete anos de idade, o que conferia à nós uma quase plena liberdade de responsabilidades.
Nesta época tínhamos apenas o compromisso com a felicidade, a alegria e os amigos. Se cumpríssemos coisas e tarefas básicas do convívio familiar, tais como respeitar nossos pais, não sairmos dos perímetros delimitados no bairro para brincarmos, não brigarmos com os amigos (por mais que isso fosse difícil e por mais divertido que pudesse ser), o lazer e a alegria estavam garantidos.
Vale lembrar-nos que nesta época o trânsito não era tão caótico, e a violência não nos afligia como atualmente. Dessa forma, nossa rua, nossos vizinhos, nosso bairro eram nossa escola. Sabíamos o nome daqueles com quem andávamos, de que família vinham, do que gostavam, o que seus pais faziam. Tudo isso criava um forte e imenso laço de amizade e cumplicidade, companheirismo, afetividade e respeito. 
Lembro-me desta época, de pés descalços, sem camisa, apenas um velho short a nos caracterizar. Lembro-me do rosto suado, a poeira escorrida na pele, o cabelo molhado atrás da cabeça e o dedão do pé ferido na ponta: como se dizia na época - sem o tampão - aliás por diversas vezes perdia os dois, dos dois grandes dedos do pé...rs...estou morrendo de rir só de lembrar.
Recordo-me que ao retornar para casa com o único objetivo de se alimentar e retornar para as brincadeiras,  ia para o tanque de lavar roupas, pois não havia a facilidade da máquina, e lá mergulhava minha cabeça toda, enfiava os dois braços, para que toda a herança maravilhosa em forma de sujeira e poeira pudesse ser lavada, não só para que pudesse se sentar à mesa, sobretudo para que pudesse retornar às brincadeiras com o corpo "zerado", preparado para mais uma saraivada de alegria, poeira, suor e acima de tudo amor. Amor pela vida, pela família, pelos amigos. 
É desta época que as vezes sinto saudade. Uma saudade alegre, não melancólica. Se pudesse por vezes retornar por alguns minutos, reabasteceria-me com os sentimentos, as sensações e o amor que orientavam àqueles momentos. Me tornaria menos tenso, mais leve, menos autocrítico. Encontraria-me novamente com a alegria espontânea, desinteressada e simples. 
Se fisicamente não me é possível tal feito, pelas palavras e memória posso reencontrar-me, trinta anos mais moço, três décadas menos endurecido, enfim, liberto!
Semana da criança! Saudade da cara suja, do dedo do pé ferido, de andar abraçado com os amigos pela rua, debaixo de chuva, em dia de nuvens, sol e arco iris, em dia de picolé - e quem acabar com o seu primeiro ajuda o outro....rs.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A ESCOLA E O SONHO DE SE TORNAR JOGADOR DE FUTEBOL



Historicamente a escola vem servindo como instrumento e meio de repercussão e legitimação política e econômica em nosso País. Neste contexto, o desenvolvimento e evolução da Educação no Brasil apresentam uma cronologia caracterizada pela elitização de suas instituições e do ensino em seus anos primais, passando por um período de abertura dos “muros escolares” à população em geral, e culminando atualmente com um processo de democratização educacional que não só promove o acesso de todos à educação, independentemente de classe social, raça, credo, etc., como ainda, garante por lei, o referido acesso, a permanência e a evolução nos anos escolares.
Quando a escola permite-se democraticamente receber a sociedade, ela passa a atrair e conviver com todas as nuances, conflitos, desafios e aspectos que caracterizam e definem esta sociedade.
Se atualmente a escola assume, mesmo que ineficazmente, um papel educacional global, que a leva ao tratamento não só das questões pedagógicas que se lhe apresentam, mas também, ao trabalho obrigatório dos aspectos psicológicos, sociais, de segurança e desestruturação familiar, é por que em última análise, o processo de democratização escolar se relaciona, influencia e é influenciado pela imensa variedade de fatores que definem uma sociedade. Ao mesmo tempo, é clara e efetiva a intenção governamental em transformar a educação e a escola em legítimos “salvadores da pátria”, para que se tenha assim, uma excelente plataforma política.
A Educação Física escolar, assim como a própria instituição escola, historicamente acompanha e representa os aspectos políticos e econômicos vigentes. Com o passar das décadas, ela já assumiu diversas vertentes – eugenia de raça, higienista, militarista e tecnicista – esta última, caracterizada pela esportivização escolar, se deu no período de transição entre os modelos políticos militar e democrático, o que contribuiu para a sua expansão, não obstante seu caráter seletivo e excludente.
Atualmente, como produto de um processo contínuo de evolução e reflexão, a educação física trabalha com uma proposta diferenciada, atentando aos conteúdos voltados ao jogo, ginásticas, danças e atividades físicas, lutas, corpo e movimento, incluindo o próprio esporte. Contudo, o caráter competitivo deixa de prevalecer no esporte escolar (dentro da grade de educação física), o mesmo acontecendo com sua exclusividade.
Entretanto, o anseio e identificação com o esporte escolar, como ferramenta fundamental para a conquista de uma carreira vitoriosa e de sucesso, de forma a proporcionar uma ascensão social (população carente), se faz presente de forma intensa e constante no imaginário de jovens, e também nos discursos de políticos, empresários e da população em geral, haja vista o apelo e a referência que se faz à escola, quando o assunto é investir em esporte e em crianças, a fim de se promover a formação de atletas, sobretudo em épocas de olimpíadas e copa do mundo.
O professor de educação física convive diariamente com estas questões e com os anseios de jovens que sonham em se tornar atletas (sobretudo de futebol) como forma de melhorarem as condições em que vivem, principalmente fazendo o que mais gostam.
Esses sonhos são estimulados por uma mídia que se ocupa em divulgar apenas informações positivas a respeito do esporte – contratos milionários, patrocinadores, belos carros, casas, mulheres, times do exterior - que acabam por gerar uma falsa percepção da realidade esportiva nacional.
Apenas uma pequena porcentagem dos que intentam se tornar jogadores de futebol obtém êxito, e mesmo quando o objetivo é alcançado, uma minoria destes recebem salários milionários. A grande maioria dos jogadores profissionais recebem salários modestos, muito abaixo do imaginado, tendo em muitos casos que arcar com os custos de condução, alimentação e equipamento esportivo.
Porém, na escola, onde este objetivo ainda é um sonho, os jovens desconhecem ou desconsideram todos os aspectos envolvidos no processo para a formação de um atleta profissional, tais como a necessidade de agentes, oportunidades, “peneiras seletivas”, entre outros. Percebemos que o enorme desejo em se tornar jogador de futebol não se converte em ações e estratégias efetivas para a conquista do objetivo almejado. Tão pouco a escola, e a educação física escolar, estão estruturados de forma a promover tal empreitada.
Com isso e com o passar dos anos, sem que atitudes efetivas tenham sido tomadas, e sem que se tenham atentado paralelamente a um “Plano B” – estudo – jovens de dezesseis, dezessete e dezoito anos descobrem-se velhos para o futebol e nesse instante a escola deixa de ter um significado para eles.
Sem formação educacional e objetivos, porém ainda com o desejo de ascender socialmente, estes jovens acabam sucumbindo ao chamado do crime, presente no cotidiano de vida de populações carentes, que o acolhe e o serve prontamente, com os benefícios que outrora eram expectativamente vinculados a carreira futebolística.
Qual a responsabilidade da “Instituição Futebol” – em todos os seus segmentos e setores – neste contexto? A escola e a educação física devem arcar com a responsabilidade de formação de futuros atletas profissionais? Qual a significação escolar atual para a sociedade? Como criar novos significados da escola para atender aos anseios de seu público, a fim de resgatar o respeito e a valorização educacional e diminuir o abandono escolar?
Estas são questões que requerem reflexões e respostas urgentes sob a pena de que ao ignorá-las, estejamos acentuando os problemas e conflitos sociais e educacionais dos quais somos vitimas, porém, também responsáveis.


Alessandro Morelli.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A BUROCRACIA E O FRACASSO

Em um processo e contexto de criação, produção e elaboração de ideias e ações, o aspecto burocrático e organizacional, pode e deve existir como um norte a ser seguido, como uma sequência de atitudes que ao serem respeitadas, proporcionarão uma maior e melhor efetividade na conquista dos resultados almejados.
Contudo, nunca devemos nos esquecer que os aspectos organizacionais e burocráticos, não obstante sua referida importância, constituem parte de um processo mais amplo e complexo, onde os interesses dos sujeitos envolvidos neste processo, assim como os benefícios que serão gerados à estes sujeitos por meio das ações e propostas pré programadas, são, em última análise, o fim à que se almeja alcançar.
Dessa forma, quando a burocracia passa a ser utilizada e cobrada de maneira desmedida, atravancando um projeto, em situações onde a sua parcial inobservância sequer gerará qualquer prejuízo ao processo de produção das ações pré determinadas, inclusive aos interesses e aos benefícios que se pretendem proporcionar aos sujeitos aos quais se destinam e se objetivam tais ações, têm-se aí, sem sombra de dúvida, um processo de auto-sabotagem estabelecido, uma ação equivocada e prejudicial, na medida em que valoriza mais os meios do que os fins.
Sem dúvida nenhuma, a busca por uma excelência nas ações desenvolvidas deve ser uma preocupação constante para todos. Neste contexto, tentar observar, e sobretudo realizar os procedimentos organizacionais e burocráticos previstos em situações que se pretende trabalhar, revelam-se como ponto fundamental para que se alcance a tão almejada excelência. 
Porém, a equivocada inobservância parcial de alguns aspectos burocráticos não devem de imediato servirem como motivo para sua condenação total, e consequentemente o seu cancelamento, sob pena de incorrermos em uma ação extremamente danosa para qualquer instituição que se pretende ser vitoriosa e valorosa; exponho aqui o risco de se colecionar fracassos.
O fracasso não só faz parte do processo evolutivo humano e social, como é fundamental para produzir desafios, estímulos e superação. Contudo, transformar exigências burocráticas em uma cadeia produtora de fracassos, é no mínimo flertar com a incompetência, àquela mais perigosa, a que é determinada por uma questão de desmotivação e descomprometimento total, àquela que se vê subjugada pelo fracasso.
Devemos nos despir de vaidades, posturas e atitudes infantis e autoritárias! Deixemos que a burocracia cumpra sua função, unicamente. E se por alguma razão ela não puder ser respeitada à risca, antes de desistirmos em avançar com nossos projetos, perguntemo-nos, todos, se não é mais valioso ao ser humano prosseguir rumo ao objetivo honesto e produtivo, mesmo incorrendo em possíveis erros, do que desistir de suas ações, acovardando-se, e produzindo conscientemente uma  sensação de fracasso passivo, o fracasso dos que não tentaram, em última análise, o fracasso dos incompetentes! 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"....e enfim, concluindo,...."

"......se ainda hoje conservas tua ignorância, é por vossa opção e responsabilidade, pois há muito o acesso à educação e ao conhecimento não mais lhe é negado, ao passo que a informação, a ti se apresenta cotidianamente, de forma abundante."

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O ÓCIO E O ÓDIO


Odeio! Odeio com todas minhas forças a falta do ócio! Não aquele, sedutor, tentador, qual a bela sereia à conquistar ingênuos marinheiros e à arrastá-los para o escuro das águas da ignorância e improdutividade. 

Odeio a falta do ócio que hoje me acachapa violentamente! Não aquele, fantasiosamente alegre, cantarolante, representado na fábula da cigarra e da formiga, que graças ao bom coração de seu criador, em última análise e conclusivamente, acabou por salvar a cigarra, que fazia do ócio seu cotidiano, diferente do que acontece na vida real, onde primaveras, verões e outonos de ócios constantes repercutem quase que naturalmente? em invernos de abandonos e discriminações sociais.

Porém, sofro de um ódio espontâneo, pela falta de um ócio efetivo, capaz de alimentar de energia, criatividade e ideais meu cérebro que insiste em me interrogar: Quando será o momento em que me permitirá lançar em enxurradas todas as inspirações das quais sou origem e instrumento?

Odeio ter que interromper pensamentos, insights, ideias, luzes, trevas, todo tipo de inspiração, por estar PRESO em rotinas cotidianas, que se por um lado, possuem seu QUÊ de importância, por outro, sufoca e reprime um um novo SER que luta por desenvolver-se!

Odeio esta parcela do SER humano, possuir dúvidas, fraquezas, gessos sociais, que estagnam, imobilizam e atrasam.

Odeio o ÓCIO! Ou será que odeio a quem o ÓCIO possui? Talvez sinta uma inveja daqueles que são agraciados com o Ócio inspirador! Talvez deva espelhar-me naqueles que romperam paradigmas na busca da conquista de seus sonhos!

Ódio, dúvidas, reflexões! Sentimentos intensos! Bons para inspirar produções! 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

                                                     ESPORTE - SALVADOR!?

Há quem pense e diga que o esporte possui a capacidade quase mágica, o poder inato de desenvolver os seres humanos, a ponto de incutir-lhes não só noções, sobretudo, posturas de disciplina, respeito às regras, aos companheiros e aos oponentes.

Projetos são elaborados e aplicados, tendo como retaguarda o financiamento adequado?, devidamente estimulado e divulgado pela mídia, sendo todas essas, ações que acabam por gerar uma sensação de que em país com dificuldades econômicas e desvalorização educacional e social, o esporte torna-se instrumento capaz de transformar a vida de todo aquele que o pratica.

Desta forma, e equivocadamente, selecionam-se crianças em escolas, aquelas cujo rendimento pedagógico e disciplinar estão abaixo do considerado satisfatório, e as inserem em projetos deste caráter.

Delegam ao esporte, como dito anteriormente, um poder transformador e milagroso, não importando, tão pouco, sequer o contexto em que estas crianças se desenvolvem.

Questões como a carência de estrutura social e econômica básicas, a moradia muitas vezes em regiões onde é constante o contato com a violência, a falta de estrutura básica de saúde e saneamento, não são levados em consideração, como se pouco ou nada influenciassem no desenvolvimento e formação global de um ser humano.

Da mesma maneira, a desestruturação familiar à qual estas crianças são expostas, muitas vezes nem tendo contato com seus pais, relegando sua educação à tios, avós ou mesmo estranhos, sequer é considerada como aspecto fundamental na determinação da formação destes jovens.

Vivenciamos atualmente a inexistência da referência familiar máxima, no caso de Pais e Mães, quer pela ausência dos mesmos, ou por serem estes, em muitos casos, os responsáveis pela deturpação do sentido do afeto, disciplina e respeito -como resultado de um abandono à responsabilidade de educar os filhos - ou pior, como fruto da violência e abusos impretados pelos mesmos à quem em última análise caberia a proteção.

Desta forma, parece óbvio e claro como a água que o problema que se apresenta é por demais complexo, envolvendo aspectos sociais, econômicos e até mesmo psicológicos, o que por si só, já necessitariam de uma abordagem especializada na busca pelo seu entendimento e solução.

O Estado, enquanto responsável maior pelas questões de educação, saúde e segurança de seus cidadãos, deveria esforçar-se por compreender essas nuances e investir em ações efetivas capazes de solucionarem os problemas referidos.

Porém, quase que infantilmente?, o governo se propõe a agir de maneira simplista, relegando às escolas e em última análise ao esporte, a responsabilidade e função de solucionar uma questão, que como dito anteriormente, se faz muito complexa.

Com isso, a estrutura escolar e seu segmento esportivo têm que arcar com atribuições que não lhe cabem e nem lhe competem, desempenhando em muitos casos, de maneira superficial e ineficaz, a função de atendimento social, psicológico e de segurança pública.

Atualmente a escola e o esporte escolar, vem lidando com a herença do descaso e inaptidão do governo em gerenciar estas questões, haja vista que a postura das crianças apresentadas nos referidos projetos esportivos são as mesmas apresentadas no cotidiano escolar, em última análise, idênticas as observadas em seu cotidiano de vida, em inclusive em casa.

Noções do que é certo ou errado, disciplina, respeito aos amigos, ao oponente e às regras, são valores que devem ser ensinados na infância da criança. A responsabilidade maior no desempenho dessa função cabe à família, não só pelo diálogo, sobretudo pelo exemplo.

Quando assim acontece, a criança passa a encontrar eco destes valores na escola e no esporte, que servirão como apoio e complemento na determinação e formação de valores e posturas adequadas ao desenvolvimento de um cidadão de bem.

Em contrapartida, quando a família se exime de tal responsabilidade, e o Estado passa a assumir através de seu discurso e por meio de projetos e ações tal função, incorre-se em erro gravíssimo, com repercussão séria no desenvolvimento de nossas crianças, que em última análise, serão o futuro de nosso país.

Deixemos de lado a ingênua ideia de que problemas sociais, econômicos e políticos, podem ser solucionados com uma partida de futebol, ou em jogos de vôlei.

Vamos dar a devida atenção à estes aspectos que muito têm interferido na formação de nossas crianças e na determinação de um mundo melhor.


Alessandro Morelli.

domingo, 16 de setembro de 2012

FAÇAMOS UM BRINDE

Uma mistura de perfumes presente se faz! Cada qual a seu ritmo, em horário próprio, achega-se e toma seu lugar. Mesa simples, das de bar, das de madeira, das que tem cadeiras de madeira também. Mais rápido, em acelerada intenção põe-se os copos à mão, imediatamente repletos, transbordados de cevada e malte. Tão rápido se faz a cena que os mais simplistas incorrem no equívoco de blasfemar: Que sede é essa que apressas essa gente!? Porém, para matar a sede, que realmente não é pouca, tempo se terá e de sobra! Urge aqui a necessidade de erguer-se as mãos ao ar, com copos que representam intenções, as melhores e mais afetivas de cada um que ali se encontra, a serem ofertadas a cada um, e a todos, transformando um simples e tradicional brinde, em um ritual de luz e energia, onde o melhor de cada um é oferecido, pois ninguém ali se encontra para falar de lamentações e tristezas, mas sim, exclusivamente, para celebrar a vida e a imensa alegria de poder desfrutar de momentos tão bons na presença de amigos tão especiais.
Façamos um brinde aos nossos amigos! Façamos um brinde à vida! Saúde!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A REPETIÇÃO DE PROBLEMAS

Não se trata de almejar uma utópica e inatingível vida que se apresente sem um único sequer problema a desequilibrar a homeostase cotidiana, se é que os cotidianos em algum momento à tenha.

Todavia, ter com a realidade não significa, como que por dever, aceitar passivamente e em condições de quase inanição, a repetição extenuante e desmotivadora de fatos e ações que há muito já foram definidos, conceituados e determinados como PROBLEMAS, que por não serem prontamente solucionados, quer por falta de compromisso, profissionalismo, ou mesmo por que com eles já seguimos acostumados, acabamos por nos submeter à uma vitimização perpétua e voluntária que revela-se, em última análise, subterfúgio inconsciente?, instrumento eficaz para a omissão de nossa falta de atitude, responsabilidade e ética profissional.

Paradigmas existem para serem quebrados, sobretudo os que nada mais fazem do que interferir na evolução natural dos seres humanos!!!



Alessandro Morelli.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A incrível luta pelo comando!

Estou perplexo! Já havia presenciado o fato e experimentado estas sensações durante a produção de meu primeiro livro, contudo, ainda assim sinto-me surpreso.

Passei o dia todo a rodear o computador! Postei uma breve reflexão neste blog, verifiquei as vendas do livro, a conta do Face, emails, notícias...

Finalmente abri o arquivo do novo livro que estou escrevendo com a promessa de apenas revisá-lo. Logo veio o jogo da seleção, e deixei-o de lado.

Parecia sentir não querer produzir hoje! Senti na verdade não ser capaz de acrescentar uma única linha à história que já se vai adiantada, porém inconcluída.

Terminado o jogo, o jornal, o tempo com a esposa que já se deitou, pois cedo acordou e amanhã cedo despertará, não pude resistir, nem tão pouco fugir.

Maximizei o arquivo minimizado, agigantou-se diante de meus olhos o texto inacabado, e quase que automaticamente pus-me à escrever, palavras, frases, parágrafos e capítulos, que de tão fluentes se fizeram, que me questiono quem estava a comandar? Minhas ideias e pensamentos, ou terá a própria história criado vida, a ponto dela própria se escrever por si só!

Luta pelo comando, e neste exato momento, tenho eu a vitória, não derradeira, nem tão pouco definitiva, porém necessária! As pálpebras já pesam sobre os olhos, os dedos e as teclas já não apresentam a mesma precisão e harmonia de antes, porém a mente não para...último conflito! Último conflito! Está decidido! Dormirei.

Repousa o corpo, para amanhã suportar a mente e sua incansável vontade de escrever!!!
Salve lá ó povo maltratado, no qual sou parte e a parte escrevo! Quis Deus ou o diabo que tamanho sofrimento se abatesse sobre as cabeças terrenas! Visão pessimista de quem apenas não consegue enxergar o copo meio cheio, a beleza do mar e o canto dos pássaros? Ou é a realidade que grita e salta aos olhos, oprimindo e sufocando a alegria e o prazer? Qual seja a verdade, a esperança solução se faz. Pois sem fé padece o homem, sem crer é no inferno estar! Concentra-se no bem e o bem se fará, se não para todos, ao menos à ti. E se todos a si o bem se fizer, coletivamente estaremos construindo o bem geral, pois a toda caminhada inicia-se um primeiro passo, porquanto toda felicidade coletiva dependerá da contribuição individual para ser alcançada.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Diálogo

Aquele que inicia o diálogo, momentos antes sendo aluno, interpela o outro que em instantes prévios estava professor: 

- "Foi você quem fez o livro?"

Pergunta feita assim, direta, dita, despida! Aliás, despidos estavam ambos, anteriormente aluno e professor, que por agora eram iguais, senão em sua totalidade, ao menos em posições, respeito e prosa.

Responde o outro: 

- "Sim, fui eu quem o escreveu"! 

O mais atento captaria o quase imperceptível traço de orgulho na face do professor.

Mesma expressão insiste naquele - antes aluno, porém agora apenas companheiro de conversa - e por mais uma vez se põe a interrogar: 

- "E é bom o livro?"

Um misto de incredulidade e humor toma o outro.

- "Acredito que sim".

Franze o cenho o professor! Cenho de professor, que não deveria ali se apresentar, afinal não estava por hora a ser ele o professor, assim como o aluno, naquele momento não o era também.

E este, que por hora aluno não era, apenas o lado contrário, pois contrário estava no diálogo, como que não acreditando, ou como se ainda dúvida tivesse, requer maior informação que possa assegurar a qualidade da produção:

- "Já vendeu muitos livros?"

Pergunta feita desta vez com expressão mudada, como que para demonstrar a sabedoria de sua matemática linear, exata e conclusiva, afinal crê que a qualidade de uma produção é medida pela quantidade de exemplares vendidos! E assim não o é? Pensa o aluno. Tem dúvidas - convenientemente - o professor!

- "Alguns poucos exemplares!"

Sem identificar-se se por afinidade ou piedade, ou até por uma dose de sarcasmo, arremata o inquisidor, sorriso discreto a cantear a boca:

- "Alguns poucos já é um bom começo".

Em xeque, lembra-se o inquerido que pela igualdade de posições, postas ao lado carapaças de professor e aluno, és livre para contra-golpear, pois se iguais estão, à ambos lhe são lícitas e ilícitas todas as coisas nas mesmas medidas.

- "Por acaso já comprou e leu o livro?"

Desaparece o meio sorriso, e o aluno que não o é agora põe-se à reflexão. E antes mesmo que o outro complemente, já ele completa:

- "Alguns poucos leitores não conseguem definir a qualidade de um livro!".

Satisfaz-se ele, satisfaz-se bem mais o outro, toca o sinal de troca de aula, vestem-se as carapaças, um a de professor, outro a de aluno. De um lado se vai a pensar o aluno:

"Devo comprar o livro e tirar minhas próprias conclusões".

De outro, o professor caminha lentamente com a certeza de que deverá vender mais livros.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

22h12

22h12 no relógio do "Note"! Dezesseis horas se passaram desde que saí pela manhã para trabalhar. Destas, treze foram de trabalho efetivo, e uma, das todas as horas, foi dedicada ao almoço, cafezinhos corridos, um gole de água. Ao todo, quatorze aulas!

Retorno para casa cansado, porém decidido à escrever. Um blog é para isso! Este blog é exatamente para isso. 

Fadigado sento-me ao sofá, na cabeça encontram-se agendadas algumas sequências de ações nas quais  deverei ainda me dedicar antes mesmo de escrever: extrato bancário, leitura de emails, controle de vendas do livro. 

Mas são tantas as dificuldades que hoje se apresentaram - "queda de sinal da net", "do servidor", "entre em contato com o gerente do banco", "erro ao tentar acessar seus dados" - que quando finalmente chego aqui, me foram os últimos resquícios de fosfatos queimados, e minha mente cansada já não consegue combater a entrega do corpo e assim submeto-me a derrota das palavras e das frases, que não serão muitas nesta noite, apenas o suficiente para expressar a queda do corpo, e por assim também a da mente. Sinto-me traindo! Traindo meus propósitos e aqueles que buscam neste simples blog algumas poucas palavras que possam interessar ou quem sabe - com a pretensão que as vezes me acomete - inspirar-se. Porém, se já é certo que hoje não farei jus ao almejado, ponho-me agora em retirada, pois se consigo um rápido adormecer, mais tempo terei para recuperar-me.

Recuperar-me para mais quatorze aulas amanhã e para a esperança de poder, também amanhã, por volta das 22h12, estar disposto e cumprir meu propósito de escrever!!!

Boa noite à todos!!!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

UM DIA NA VIDA DE UM PROFESSOR

Ao fundo piam os pássaros! Por alguns minutos já me me encontro no corpo, assim invertido o desdobramento. Porém no torpor ainda me apresento, momento aquele compreendido entre a sensação da bexiga cheia que insiste em expulsar-me do leito e a ingênua tentativa de negociar alguns minutos a mais de relaxamento.

Imediatamente rasga a escuridão do quarto, na verdade o que resta dela, já ela não resiste em dominar o ambiente, concorrendo, ainda que cansada, com o fio de luz que invade pelas frestas o quarto. Mas rasgando vai o som que sai do aparelho, que deveria ser o de telefonar, em algum momento específico de também enviar mensagens, mas já há algum tempo só faz alarmar o alarme da manhã, que na verdade da madrugada ainda é, se acertarmos e por ser certo, aceitarmos, que cinco horas passadas da meia noite somadas a mais trinta minutos não são hoje, e não permitiremos que sejam jamais a manhã dos humanos.

Mas, as passadas cinco horas e mais um bocado são as manhãs do professor, não que este não seja humano, mesmo que pareça desumano pôr-se a disposição em horas tão precoces, mas faz necessário que salte de imediato, pois se ao luxo de uns minutos a mais no leito se entrega o educador, herda deste ato senão o atraso em si de um dia que se seguirá intenso, ao menos a sensação de estar a correr atrás do ponteiro do relógio.

E assim corre o ministrante, com sede, bebendo depois, com fome, comendo adiante, com urgências fisiológicas, que de tanto serem postergadas requerem atenção muitas vezes em horas inoportunas. Mas segue forte, as vezes nem tanto, esperançoso na medida em que é possível, mesmo parecendo impossível se modificar paradigmas e problemas.

E as horas avançam, e o dia segue adiante, e o marido, a esposa, o pai ou a filha, e sentado as vezes no vaso, no único momento em que se atende as tais urgências fisiológicas, podemos também atendê-los, em breve momento, pois são breves os momentos no vaso durante o trabalho. E ao atender o marido, ou a esposa, ou o pai, ou a filha, pelo telefone, intercalando palavras e urgências, nos faz sentir a inveja branca, pois num breve relato da esposa que diz já haver trabalhado, passado ao supermercado, dado atenção ao corpo e a saúde de que tanto precisa o corpo, e por ademais também calhou de encontrar amigos, familiares, e quando nos damos conta, o mundo se fez para ela, para seu pai, para seu esposo, para sua filha, e para você, professor, o mundo se fez a conta gotas, a cada 50 minutos, alguns muito bons, outros tantos muito difíceis, de uma clausura espontânea, em nome de uma tal chamada educação, coisa das boas nos anos conhecidos como antigamente, hoje um tanto quanto maltratada, desvalorizada, despropositada, em que insistimos investir nossa tão preciosa esperança.

E em meio as nuances tão próprias desta função passam as horas, as pessoas, quarenta, quarenta e cinco, as vezes cinquenta, a cada cinquenta os minutos, e continuamos ali, no primeiro período, e também nos segundo e terceiro. 

E casa tornamos, felizes por ainda termos lares, tristes por dele pouco desfrutar, e nos restará um último conflito antes do corpo se largar. Se a fome primeiro sacio, se banho-me, se às urgências me entrego, se à mulher, ao marido, ao pai, à mãe, à filha. As vezes adormece conflitando, e por assim não repousando, nem tão pouco se recuperando para o porvir. Dia subsequente, onde o aparelho de telefonar irá alarmar uma manhã, na verdade madrugada, que um passarinho já antes havia anunciado, e talvez o tenha feito e o faça cotidianamente, pois não é ele um professor, e assim poderá o penoso, mais cedo ou mais tarde, de sorte logo após o seu almoço, deitar em seu ninho e se deliciar com uma soneca, tão desejada por nós professores, que de soneca apenas nos resta pequenos estalos de cérebro, e pescoçadas prandiais.

E insistimos diariamente, com uma esperança que espera, espera, espera, e amanhã toca o alarme, e na quarta já não desejamos nada mais do que a chegada do sábado. E no sábado, queira Deus não nos esqueçamos de inativar o alarme do já inativado aparelho de telefonar. 


BREVE REFLEXÃO

A privatização ou possessão do bem público, não aquela ou daquelas em que por bem ou mal das legalidades sociais por ventura ocorrem, mas digo, as outras, que indiretamente ocorrem nos cotidianos das instituições de referido caráter por pessoas e indivíduos, trazem em si a cômica, para não dizer trágica e por consequência pessimista realidade dos predicativos, adjetivos e pronomes, neste caso certo, os possessivos, que a um passo reclama individualmente para si, é só para si, os méritos das vitórias e conquistas de um coletivo, e já em um outro passo, incrivelmente o seguinte passo, sem culpa nem vergonha, eximi-se das responsabilidades, fazendo daí sim, reverberar o coletivo das incompetências, a ponto de acentuá-las de tal modo para que as próprias, as incompetências individuais, do mesmo indivíduo, aquele, tão reclamante de ser o responsável pelos méritos, possam ser omitidas e assim, omitidos também possam ser seus fracassos!"

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Nascer e o Viver de um Livro!

O que esperam as palavras, que ao serem agrupadas, transformam-se em frases, que quando trabalhadas, revelam-se em parágrafos, pensamentos e retratos, de histórias imaginadas!?

Nada mais desejam senão que as descubram, que as bebam e se iludam, e se bebendo se inundam, e se vertendo se desnudam de memórias engessadas!

Nasce um livro! 

Seu repouso não o é em uma gaveta, nem tão pouco em uma estante, de que vale seu levante, se suas páginas não as tocam?

Mais valeria continuar confinado, em sua gênese enclausurado em um, ou o outro dos hemisférios, no intelecto a ser visitado, ao menos por aquele que o tem criado.

  

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um país de desigualdades. A desvalorização da Educação. Um esporte que é a paixão nacional. A criminalidade como única alternativa restante.

O professor de Educação Física trabalha com a triste realidade de seus alunos. A maioria sonha se tornar jogador de futebol, e ignora os aspectos e fatores envolvidos na trajetória de quem intenta tal objetivo, o que torna esse sonho algo distante e difícil de ser conquistado. 

Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que focam unicamente este objetivo, caracterizam-se por não apresentarem nenhum plano de ação que os conduza à esta meta, revelando uma postura de acomodação, como quem aguarda uma solução externa para seus problemas.

Nesse contexto, os anos escolares passam sem que estes jovens tenham se preocupado com a adoção de um "Plano B" - dedicar-se paralelamente aos estudos afim de garantir um futuro seguro caso o desejo de tornar-se jogador de futebol não se concretize.

Logo esses jovens acabam por perceber que o tempo não se apieda, e sem um vínculo com um clube de futebol, tornam-se "velhos" para iniciarem na profissão. Serão novos números, em uma estatística que revela ser a maioria os que não conseguem realizar seus sonhos.

Frustrados e sem estudos, estes jovens acabam a mercê de todo tipo de intenções. Buscarão, ainda que por outros meios, a tão almejada ascensão social.

Uma história contemporânea, que trata da desvalorização educacional atual, e do cotidiano de vida de jovens de comunidades pobres que transitam entre o sonho de se tornarem jogadores de futebol, e a realidade da criminalidade que os cerca e seduz.

"Vô se Jogadô" - meu primeiro livro, disponível para vendas em: https://www.clubedeautores.com.br/book/133484--Vo_se_Jogado

domingo, 26 de agosto de 2012

PRÓLOGO - LIVRO: "Vô se Jogadô"!

                                                          LIVRO: "Vô se Jogadô" !


P r ó l o g o




Algumas pessoas levam a vida toda para se darem conta do que realmente fizeram de sua existência! Outras, nem mesmo isso conseguem! O fato é que na hora final, quando somos surpreendidos pela grande e única certeza de nossas vidas – a morte - somos impulsionados a uma derradeira análise acerca de nossa existência, onde as chances de se obter um saldo positivo ou negativo são no mínimo, da ordem de “meio – a - meio”.

“Ali, deitado na grama, sentiu-se feliz e aliviado. Sua sensibilidade estava tão aflorada! Percebia as árvores que o cercavam, as mesmas árvores que sempre estiveram lá. Observava a brincadeira dos pássaros e o ciclo de vida das folhas – mesmo caindo das árvores compunham uma linda paisagem.
Ao fundo escutava uma música, uma melodia - pessoas sorriam e cantavam.
Dona Elza e Titi estavam ali, ao lado dele! Aguardavam com paciência e alegria o desfrute daquele momento.”



Alessandro Morelli

INÍCIO DE UM CAMINHO SEM VOLTA!

A cerca de cinco anos iniciei e terminei a produção de um livro, meu primeiro livro. Fruto de uma vontade instintiva de escrever, somado à uma insatisfação e uma sensação de inutilidade após ter terminado minha segunda pós-graduação na área de Fisiologia do Exercício.
Um dia simplesmente acordei e lá estava a primeira página de um livro em minha mente. Assim, do nada! Rapidamente tomei posse de uma folha em branco, uma caneta, e enquanto tomava meu café da manhã, já me sentindo atrasado para mais uma jornada de trabalho de cerca de 13 horas, escrevi as primeiras linhas de um livro que foi produzido utilizando todos os pequenos intervalos de trabalho e finais de semana daqueles meses subsequentes.
Terminado minha primeira produção, feita de forma frenética, pude perceber ali, naquelas páginas, um relato, um história contemporânea, que trata da questão da desvalorização educacional atual, do anseio de jovens pertencentes a classes sociais mais carentes em se tornarem jogadores de futebol afim de que possam ascender socialmente, e da criminalidade que se apresenta à eles e muitas vezes os seduz como única forma de sobrevivência ou "melhora da condição de vida".
"Vô se Jogadô" é minha primeira produção literária, baseada em minhas experiências profissionais como professor de Educação Física em escolas públicas de periferia.
Mas pode-se questionar? Se este livro foi escrito a mais ou menos cinco anos atrás, porque só agora foi publicado?
A jornada de um professor é extensa, tendo que trabalhar por muitas horas diárias, as vezes pouco tempo nos resta para investir em nossos sonhos. Em contrapartida, existe hoje uma dificuldade para novos autores publicarem suas obras em Editoras Tradicionais, quer seja pela grande quantidade de novos originais que elas devem apreciar anualmente, ou mesmo por preferirem investir em autores consagrados.
De qualquer forma, o principal motivo que me levou a publicar meu primeiro livro neste ano, foi o fato de que de repente, durante a leitura de INTERMITÊNCIAS DA MORTE de SARAMAGO, senti-me inspirado em produzir novamente. 
Como da primeira vez, uma avalanche de ideias tomou minha mente e quando percebi já estava escrevendo as primeiras páginas de um novo livro. Contudo um pensamento me assolou: "Como escrever um segundo livro sem nem mesmo ter publicado o primeiro?". Para mim, não parecia algo lógico. E assim, pausei por alguns dias o novo projeto e pus-me a buscar alternativas para a publicação de meu primeiro livro.
Dentro do contexto já citado, relacionado as dificuldades de publicação de livros por novos autores, optei por sua publicação em um Editora Virtual por demanda: CLUBE DE AUTORES.
O livro pode então ser adquirido via internet, em dois formatos à escolher: 1- Tradicional/Impresso - entregue via Correios; 2- eBook (Livro Eletrônico).

Espero que gostem da produção!!! 

Ah, já voltei a escrever meu segundo livro que deverá estar pronto no final do presente ano.

Abraços à todos.