quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"FELICIDADE X SOLIDARIEDADE"

É incontestável, uma vez que se embasam cientificamente, os fenômenos de melhoria da qualidade de vida, de aumento de bem-estar, da auto estima, e dos níveis de saúde quando se é ou está feliz!
Em suma, ser feliz, alegre, rir de tudo, dos problemas, minimizá-los, é ser saudável!
Contudo, proponho os seguintes questionamentos:
Sob qual base moral, ética, social e solidária, estamos ou estaremos agindo, com o pretexto ou objetivo de se manter ou buscar a tão sonhada felicidade, melhor ainda tendo como consequência a melhoria da saúde?
Qual o tipo ou modalidade de felicidade que estamos reportando ou ensejando por meio de nossas ações, muitas vezes individuais, alicerçadas em valores pessoais, egocêntricos e limitados, compartilhadas com algumas poucas pessoas que nos são próximas, e se assim o são, talvez o sejam mais pelo interesse, também próprio e egocêntrico, que por ventura também possuam?
Antes que me perca em filosofias subjetivas e seja traído pela tentação da abstração, procurarei ser mais claro para que não confunda a mim e tão pouco aos leitores.
Observo diuturnamente nas redes sociais a instauração de um processo contínuo de desapropriação e depreciação dos valores básicos sociais, referentes à ética, a moral, a solidariedade, a caridade e o amor.
Pessoas que não apenas ignoram a gravidade de situações que nos afligem cotidianamente, tais como o maltrato a animais, a seres humanos, em situação de miséria e vulnerabilidade, ignorância cultural e intelectual, e vitimas de catástrofes, como também debocham das referidas situações, como se estivessem acima e à margem dos problemas sociais.
Não os convido a uma análise ingênua a respeito de posturas insensíveis e carregadas de preconceito, depreciativa dos valores que deveriam embasar nossa existência. Estas posturas nada apresentam de contemporâneo, existindo desde sempre, desde que o ser humano colocou sua vaidade acima de tudo. Desde que a sociedade passou a dar mais valor ao “TER” do que ao “SER”.
Entretanto, o que mais me causa assombro e preocupação, é que estas posturas apresentadas em épocas mais distantes eram bem evidentes, pois tinham o endosso político-social da época, em período de rigidez política, machismo e poder da igreja – para citar alguns exemplos.
Com o passar das décadas, os preconceitos, discriminações e falta de solidariedade passaram a diluir-se e camuflar-se em nuances sociológicas, que se não serviram a contento para extinguir as referidas práticas, exprimiram de certa forma uma pequena evolução rumo a uma sociedade mais ética, justa, caridosa e humanitária.
Infelizmente, nos dias atuais, percebemos uma tendência para uma inversão deste processo de humanização, uma vez que é flagrante e frequente, sobretudo em redes sociais, o deboche, o humor, o sarcasmo e o descaso, tendo como foco situações cotidianas sociais que nos deveriam causar indignação, revolta, preocupação e compaixão.
Tomo o caso, o mais recente, a catástrofe provocada pelo Furacão Sandy como exemplo. Pessoas estão perdendo suas vidas! Crianças estão ficando sem pais, e pais estão ficando sem seus filhos! Produtos de uma vida inteira de lutas e conquistas foram arrasados em minutos. Contabilizam-se perdas de casas, carros, escolas, hospitais, entre outros.
Pessoas terão que sobreviver ainda por muito tempo sem o mínimo de estrutura básica necessária – água, luz, saneamento, moradia, educação, transporte, saúde, segurança. E mesmo quando todos estes problemas estiverem sanados, ainda sim estarão chorando suas perdas, sobretudo daqueles que lhes eram queridos e amados.
Em um cenário tão dramático, exposto em tempo real pela rede mundial de computadores e telejornais, encontramos em abundância pessoas satirizando a situação, “minimizando o problema”, sob a égide da ciência e da filosofia mal compreendida, e pior aplicada, que diz que não devemos nos abater frente às questões negativas, e se possível levar tudo na esportiva, com o sorriso nos lábios.
Sem dúvida não devemos permitir que os problemas nos abatam a ponto de nos chocar e paralisar. Contudo, devemos ter sensibilidade suficiente para percebermos a gravidade dos fatos, para nos compadecermos e nos solidarizarmos com as vitimas, para que possamos transformar nossa alegria em energia e ações efetivas de fraternidade e apoio.
Feito isso, aí sim poderemos estar a manifestar nossa plena felicidade com relação ao fato, que por mais catastrófico que possa ter sido, trazendo a tristeza das perdas de quem amamos e daquilo que temos, também terá sido capaz de gerar os mais puros, sinceros e belos sentimentos e atos de amor, caridade, solidariedade e presteza. Sentimentos esses que deveriam vigorar sempre nas postagens de nossas redes sócias.

domingo, 21 de outubro de 2012

A BUSCA PELO EQUILÍBRIO

Tenho desde muito cedo convivido com a ideia, melhor dizendo, com a "certeza" de que o equilíbrio é a melhor postura, atitude, decisão, que se possa ter e tomar.
Inúmeros autores, políticos, economistas, terapeutas, líderes espirituais e de botequins, discorrem sobre o tema e a necessidade de se encontrar o referido equilíbrio nos momentos mais tensos, durante as decisões mais difíceis, diante das situações que nos são mais caras.
Contudo, se por um lado o alerta para sermos equilibrados nos é dado naturalmente, como se fosse uma regra a ser respeitada e seguida constantemente, por meio da ação que se dá com parcimônia, paciência e persistência, por outro, podemos notar, ou melhor, sentir em nossa própria pele, coração e alma, o quão difícil se faz a empreitada, que exige muitas vezes de nós esforços "sobre-humanos".
Viver é conflitar-se constantemente! É ter que decidir entre a imediata, a automática e reflexa ação de responsividade que muitas vezes nos induz ao erro, ou a paciência, a análise e a resiliência, todas estas, ações propiciadoras e/ou resultantes do equilíbrio de ações e posturas.
Equilibrar-se não consiste em estado estático, alcançado e por assim determinado. Para nós humanos, e meros mortais, o equilíbrio revela-se como uma busca constante, dinâmica, muitas vezes uma luta, em outras tantas, uma dança, onde procuramos conduzir, porém onde também somos conduzidos. 
O equilíbrio revela-se com uma referência, um estágio a ser buscado, a ser alcançado, sem contudo o ser de fato. Buscar equilibrar-se é conquistar fases para evoluir. Por mais poético que possa parecer, essa ação requer dedicação permanente e um esforço "Hérculeo", na acepção da História deste semi-deus, que vivia em conflito na busca pelo equilíbrio, representado por suas características e origens humanas e "divinas".
Não somos nós todos também assim? Imagem e semelhança do Criador, com um potencial divino inato, contudo humanos em busca de equilibrar-se no fio de nossa existência?



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AO MESTRE COM CARINHO

Hoje busco em minha memória a imagem daqueles que no passado lapidaram meu intelecto e me fizeram acreditar que tudo é possível, desde que se queira verdadeiramente e se dedique. Neste mesmo passado, professaram à mim meus pais, meus avós, os pais de meus amigos, o senhor que vendia pipoca nos jogos de basquetebol que assistia constantemente. Vivia em uma época em que a sociedade se empenhava e se dedicava à professar, educar seus filhos, os filhos da sociedade.
E neste cenário adentrávamos à escola, aos seis ou sete anos, e lá, PROFESSORES, professavam com maestria, e para nós era natural, na verdade ansiávamos por seus conhecimentos, pois éramos ensinados por nossos pais não só a respeitá-los, sobretudo à admirá-los. 
E como não admirá-los, uma vez que encontrávamos neles o eco dos ensinamentos proferidos em casa? Como não contemplá-los se a relação que desenvolvíamos com eles era baseada na afetividade e sobretudo no respeito e na confiança? 
Não quero ser saudosista por excelência, tão pouco quero parecer pessimista em relação à educação e ao valor dado à ela e aos professores nos dias atuais, contudo à de se refletir, e consequentemente se perguntar: o que nós, sociedade, estamos fazendo com nossas crianças e com o futuro de nosso mundo? Não valorizar a Educação e seus trabalhadores é não buscar a evolução intelectual que impulsiona a enorme roda da VIDA.
Ensinamentos são passados através de eras, e os PROFESSORES são os responsáveis por organizar, direcionar, ensinar e sobretudo, estimular a busca por um futuro mais digno, justo e produtivo. E falo aqui de uma produção humana, pautada no respeito, na solidariedade, no amor ao próximo, aos animais e à nosso planeta.
Seremos capazes de atingir esse objetivo na medida em que caminharmos rumo à uma verdadeira humanização, que só pode ser realmente conquistada por meio da evolução moral, espiritual e intelectual, que nos afastam da primazia e da instintividade.
À todos os meus MESTRES, que deixaram registradas em mim as marcas do saber, que plantaram a semente  da busca constante pelo conhecimento, que me ensinaram que o maior sabedor é aquele que constantemente inquieta-se com o que não sabe, meu MUITO OBRIGADO!
Hoje procuro produzir humildemente textos, artigos, crônicas e livros,  e se assim o faço, devo à vocês, que me ensinaram, mas acima de tudo que me inspiraram e me fizeram confiar na capacidade e na possibilidade de se construir um mundo melhor.
FELIZ DIA DOS PROFESSORES!!!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

DIA DA CRIANÇA! VONTADE DE SER CRIANÇA!

Poucas coisas me fazem assumir posturas saudosistas! Costumo avaliar minhas experiências considerando diversos aspectos - evolução espiritual, desenvolvimento intelectual, financeiro, afetivo, etc - e por fim, acabo quase que na maioria das vezes, por chegar ao mesmo resultado: o de que procurei viver o melhor e mais intensamente possível todas as fases da vida que se fez presente, até o momento presente, tendo como base os ensinamentos de meus pais, minhas condições atuais de evolução espiritual e a relação permanente com o mundo e as pessoas. Errei muitas vezes, porém meu verdadeiro e honesto objetivo sempre foi o de acertar.
Contudo, antes que me disperse, escrevo para dizer que talvez a única fase de minha vida da qual realmente guardo uma saudade imensa, àquela que gostaria de voltar por alguns momentos, sobretudo os mais difíceis, é a minha infância. A infância que se desenrolou em uma época em que o ingresso à escola se dava só após aos sete anos de idade, o que conferia à nós uma quase plena liberdade de responsabilidades.
Nesta época tínhamos apenas o compromisso com a felicidade, a alegria e os amigos. Se cumpríssemos coisas e tarefas básicas do convívio familiar, tais como respeitar nossos pais, não sairmos dos perímetros delimitados no bairro para brincarmos, não brigarmos com os amigos (por mais que isso fosse difícil e por mais divertido que pudesse ser), o lazer e a alegria estavam garantidos.
Vale lembrar-nos que nesta época o trânsito não era tão caótico, e a violência não nos afligia como atualmente. Dessa forma, nossa rua, nossos vizinhos, nosso bairro eram nossa escola. Sabíamos o nome daqueles com quem andávamos, de que família vinham, do que gostavam, o que seus pais faziam. Tudo isso criava um forte e imenso laço de amizade e cumplicidade, companheirismo, afetividade e respeito. 
Lembro-me desta época, de pés descalços, sem camisa, apenas um velho short a nos caracterizar. Lembro-me do rosto suado, a poeira escorrida na pele, o cabelo molhado atrás da cabeça e o dedão do pé ferido na ponta: como se dizia na época - sem o tampão - aliás por diversas vezes perdia os dois, dos dois grandes dedos do pé...rs...estou morrendo de rir só de lembrar.
Recordo-me que ao retornar para casa com o único objetivo de se alimentar e retornar para as brincadeiras,  ia para o tanque de lavar roupas, pois não havia a facilidade da máquina, e lá mergulhava minha cabeça toda, enfiava os dois braços, para que toda a herança maravilhosa em forma de sujeira e poeira pudesse ser lavada, não só para que pudesse se sentar à mesa, sobretudo para que pudesse retornar às brincadeiras com o corpo "zerado", preparado para mais uma saraivada de alegria, poeira, suor e acima de tudo amor. Amor pela vida, pela família, pelos amigos. 
É desta época que as vezes sinto saudade. Uma saudade alegre, não melancólica. Se pudesse por vezes retornar por alguns minutos, reabasteceria-me com os sentimentos, as sensações e o amor que orientavam àqueles momentos. Me tornaria menos tenso, mais leve, menos autocrítico. Encontraria-me novamente com a alegria espontânea, desinteressada e simples. 
Se fisicamente não me é possível tal feito, pelas palavras e memória posso reencontrar-me, trinta anos mais moço, três décadas menos endurecido, enfim, liberto!
Semana da criança! Saudade da cara suja, do dedo do pé ferido, de andar abraçado com os amigos pela rua, debaixo de chuva, em dia de nuvens, sol e arco iris, em dia de picolé - e quem acabar com o seu primeiro ajuda o outro....rs.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A ESCOLA E O SONHO DE SE TORNAR JOGADOR DE FUTEBOL



Historicamente a escola vem servindo como instrumento e meio de repercussão e legitimação política e econômica em nosso País. Neste contexto, o desenvolvimento e evolução da Educação no Brasil apresentam uma cronologia caracterizada pela elitização de suas instituições e do ensino em seus anos primais, passando por um período de abertura dos “muros escolares” à população em geral, e culminando atualmente com um processo de democratização educacional que não só promove o acesso de todos à educação, independentemente de classe social, raça, credo, etc., como ainda, garante por lei, o referido acesso, a permanência e a evolução nos anos escolares.
Quando a escola permite-se democraticamente receber a sociedade, ela passa a atrair e conviver com todas as nuances, conflitos, desafios e aspectos que caracterizam e definem esta sociedade.
Se atualmente a escola assume, mesmo que ineficazmente, um papel educacional global, que a leva ao tratamento não só das questões pedagógicas que se lhe apresentam, mas também, ao trabalho obrigatório dos aspectos psicológicos, sociais, de segurança e desestruturação familiar, é por que em última análise, o processo de democratização escolar se relaciona, influencia e é influenciado pela imensa variedade de fatores que definem uma sociedade. Ao mesmo tempo, é clara e efetiva a intenção governamental em transformar a educação e a escola em legítimos “salvadores da pátria”, para que se tenha assim, uma excelente plataforma política.
A Educação Física escolar, assim como a própria instituição escola, historicamente acompanha e representa os aspectos políticos e econômicos vigentes. Com o passar das décadas, ela já assumiu diversas vertentes – eugenia de raça, higienista, militarista e tecnicista – esta última, caracterizada pela esportivização escolar, se deu no período de transição entre os modelos políticos militar e democrático, o que contribuiu para a sua expansão, não obstante seu caráter seletivo e excludente.
Atualmente, como produto de um processo contínuo de evolução e reflexão, a educação física trabalha com uma proposta diferenciada, atentando aos conteúdos voltados ao jogo, ginásticas, danças e atividades físicas, lutas, corpo e movimento, incluindo o próprio esporte. Contudo, o caráter competitivo deixa de prevalecer no esporte escolar (dentro da grade de educação física), o mesmo acontecendo com sua exclusividade.
Entretanto, o anseio e identificação com o esporte escolar, como ferramenta fundamental para a conquista de uma carreira vitoriosa e de sucesso, de forma a proporcionar uma ascensão social (população carente), se faz presente de forma intensa e constante no imaginário de jovens, e também nos discursos de políticos, empresários e da população em geral, haja vista o apelo e a referência que se faz à escola, quando o assunto é investir em esporte e em crianças, a fim de se promover a formação de atletas, sobretudo em épocas de olimpíadas e copa do mundo.
O professor de educação física convive diariamente com estas questões e com os anseios de jovens que sonham em se tornar atletas (sobretudo de futebol) como forma de melhorarem as condições em que vivem, principalmente fazendo o que mais gostam.
Esses sonhos são estimulados por uma mídia que se ocupa em divulgar apenas informações positivas a respeito do esporte – contratos milionários, patrocinadores, belos carros, casas, mulheres, times do exterior - que acabam por gerar uma falsa percepção da realidade esportiva nacional.
Apenas uma pequena porcentagem dos que intentam se tornar jogadores de futebol obtém êxito, e mesmo quando o objetivo é alcançado, uma minoria destes recebem salários milionários. A grande maioria dos jogadores profissionais recebem salários modestos, muito abaixo do imaginado, tendo em muitos casos que arcar com os custos de condução, alimentação e equipamento esportivo.
Porém, na escola, onde este objetivo ainda é um sonho, os jovens desconhecem ou desconsideram todos os aspectos envolvidos no processo para a formação de um atleta profissional, tais como a necessidade de agentes, oportunidades, “peneiras seletivas”, entre outros. Percebemos que o enorme desejo em se tornar jogador de futebol não se converte em ações e estratégias efetivas para a conquista do objetivo almejado. Tão pouco a escola, e a educação física escolar, estão estruturados de forma a promover tal empreitada.
Com isso e com o passar dos anos, sem que atitudes efetivas tenham sido tomadas, e sem que se tenham atentado paralelamente a um “Plano B” – estudo – jovens de dezesseis, dezessete e dezoito anos descobrem-se velhos para o futebol e nesse instante a escola deixa de ter um significado para eles.
Sem formação educacional e objetivos, porém ainda com o desejo de ascender socialmente, estes jovens acabam sucumbindo ao chamado do crime, presente no cotidiano de vida de populações carentes, que o acolhe e o serve prontamente, com os benefícios que outrora eram expectativamente vinculados a carreira futebolística.
Qual a responsabilidade da “Instituição Futebol” – em todos os seus segmentos e setores – neste contexto? A escola e a educação física devem arcar com a responsabilidade de formação de futuros atletas profissionais? Qual a significação escolar atual para a sociedade? Como criar novos significados da escola para atender aos anseios de seu público, a fim de resgatar o respeito e a valorização educacional e diminuir o abandono escolar?
Estas são questões que requerem reflexões e respostas urgentes sob a pena de que ao ignorá-las, estejamos acentuando os problemas e conflitos sociais e educacionais dos quais somos vitimas, porém, também responsáveis.


Alessandro Morelli.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A BUROCRACIA E O FRACASSO

Em um processo e contexto de criação, produção e elaboração de ideias e ações, o aspecto burocrático e organizacional, pode e deve existir como um norte a ser seguido, como uma sequência de atitudes que ao serem respeitadas, proporcionarão uma maior e melhor efetividade na conquista dos resultados almejados.
Contudo, nunca devemos nos esquecer que os aspectos organizacionais e burocráticos, não obstante sua referida importância, constituem parte de um processo mais amplo e complexo, onde os interesses dos sujeitos envolvidos neste processo, assim como os benefícios que serão gerados à estes sujeitos por meio das ações e propostas pré programadas, são, em última análise, o fim à que se almeja alcançar.
Dessa forma, quando a burocracia passa a ser utilizada e cobrada de maneira desmedida, atravancando um projeto, em situações onde a sua parcial inobservância sequer gerará qualquer prejuízo ao processo de produção das ações pré determinadas, inclusive aos interesses e aos benefícios que se pretendem proporcionar aos sujeitos aos quais se destinam e se objetivam tais ações, têm-se aí, sem sombra de dúvida, um processo de auto-sabotagem estabelecido, uma ação equivocada e prejudicial, na medida em que valoriza mais os meios do que os fins.
Sem dúvida nenhuma, a busca por uma excelência nas ações desenvolvidas deve ser uma preocupação constante para todos. Neste contexto, tentar observar, e sobretudo realizar os procedimentos organizacionais e burocráticos previstos em situações que se pretende trabalhar, revelam-se como ponto fundamental para que se alcance a tão almejada excelência. 
Porém, a equivocada inobservância parcial de alguns aspectos burocráticos não devem de imediato servirem como motivo para sua condenação total, e consequentemente o seu cancelamento, sob pena de incorrermos em uma ação extremamente danosa para qualquer instituição que se pretende ser vitoriosa e valorosa; exponho aqui o risco de se colecionar fracassos.
O fracasso não só faz parte do processo evolutivo humano e social, como é fundamental para produzir desafios, estímulos e superação. Contudo, transformar exigências burocráticas em uma cadeia produtora de fracassos, é no mínimo flertar com a incompetência, àquela mais perigosa, a que é determinada por uma questão de desmotivação e descomprometimento total, àquela que se vê subjugada pelo fracasso.
Devemos nos despir de vaidades, posturas e atitudes infantis e autoritárias! Deixemos que a burocracia cumpra sua função, unicamente. E se por alguma razão ela não puder ser respeitada à risca, antes de desistirmos em avançar com nossos projetos, perguntemo-nos, todos, se não é mais valioso ao ser humano prosseguir rumo ao objetivo honesto e produtivo, mesmo incorrendo em possíveis erros, do que desistir de suas ações, acovardando-se, e produzindo conscientemente uma  sensação de fracasso passivo, o fracasso dos que não tentaram, em última análise, o fracasso dos incompetentes!