quinta-feira, 30 de agosto de 2012

UM DIA NA VIDA DE UM PROFESSOR

Ao fundo piam os pássaros! Por alguns minutos já me me encontro no corpo, assim invertido o desdobramento. Porém no torpor ainda me apresento, momento aquele compreendido entre a sensação da bexiga cheia que insiste em expulsar-me do leito e a ingênua tentativa de negociar alguns minutos a mais de relaxamento.

Imediatamente rasga a escuridão do quarto, na verdade o que resta dela, já ela não resiste em dominar o ambiente, concorrendo, ainda que cansada, com o fio de luz que invade pelas frestas o quarto. Mas rasgando vai o som que sai do aparelho, que deveria ser o de telefonar, em algum momento específico de também enviar mensagens, mas já há algum tempo só faz alarmar o alarme da manhã, que na verdade da madrugada ainda é, se acertarmos e por ser certo, aceitarmos, que cinco horas passadas da meia noite somadas a mais trinta minutos não são hoje, e não permitiremos que sejam jamais a manhã dos humanos.

Mas, as passadas cinco horas e mais um bocado são as manhãs do professor, não que este não seja humano, mesmo que pareça desumano pôr-se a disposição em horas tão precoces, mas faz necessário que salte de imediato, pois se ao luxo de uns minutos a mais no leito se entrega o educador, herda deste ato senão o atraso em si de um dia que se seguirá intenso, ao menos a sensação de estar a correr atrás do ponteiro do relógio.

E assim corre o ministrante, com sede, bebendo depois, com fome, comendo adiante, com urgências fisiológicas, que de tanto serem postergadas requerem atenção muitas vezes em horas inoportunas. Mas segue forte, as vezes nem tanto, esperançoso na medida em que é possível, mesmo parecendo impossível se modificar paradigmas e problemas.

E as horas avançam, e o dia segue adiante, e o marido, a esposa, o pai ou a filha, e sentado as vezes no vaso, no único momento em que se atende as tais urgências fisiológicas, podemos também atendê-los, em breve momento, pois são breves os momentos no vaso durante o trabalho. E ao atender o marido, ou a esposa, ou o pai, ou a filha, pelo telefone, intercalando palavras e urgências, nos faz sentir a inveja branca, pois num breve relato da esposa que diz já haver trabalhado, passado ao supermercado, dado atenção ao corpo e a saúde de que tanto precisa o corpo, e por ademais também calhou de encontrar amigos, familiares, e quando nos damos conta, o mundo se fez para ela, para seu pai, para seu esposo, para sua filha, e para você, professor, o mundo se fez a conta gotas, a cada 50 minutos, alguns muito bons, outros tantos muito difíceis, de uma clausura espontânea, em nome de uma tal chamada educação, coisa das boas nos anos conhecidos como antigamente, hoje um tanto quanto maltratada, desvalorizada, despropositada, em que insistimos investir nossa tão preciosa esperança.

E em meio as nuances tão próprias desta função passam as horas, as pessoas, quarenta, quarenta e cinco, as vezes cinquenta, a cada cinquenta os minutos, e continuamos ali, no primeiro período, e também nos segundo e terceiro. 

E casa tornamos, felizes por ainda termos lares, tristes por dele pouco desfrutar, e nos restará um último conflito antes do corpo se largar. Se a fome primeiro sacio, se banho-me, se às urgências me entrego, se à mulher, ao marido, ao pai, à mãe, à filha. As vezes adormece conflitando, e por assim não repousando, nem tão pouco se recuperando para o porvir. Dia subsequente, onde o aparelho de telefonar irá alarmar uma manhã, na verdade madrugada, que um passarinho já antes havia anunciado, e talvez o tenha feito e o faça cotidianamente, pois não é ele um professor, e assim poderá o penoso, mais cedo ou mais tarde, de sorte logo após o seu almoço, deitar em seu ninho e se deliciar com uma soneca, tão desejada por nós professores, que de soneca apenas nos resta pequenos estalos de cérebro, e pescoçadas prandiais.

E insistimos diariamente, com uma esperança que espera, espera, espera, e amanhã toca o alarme, e na quarta já não desejamos nada mais do que a chegada do sábado. E no sábado, queira Deus não nos esqueçamos de inativar o alarme do já inativado aparelho de telefonar. 


BREVE REFLEXÃO

A privatização ou possessão do bem público, não aquela ou daquelas em que por bem ou mal das legalidades sociais por ventura ocorrem, mas digo, as outras, que indiretamente ocorrem nos cotidianos das instituições de referido caráter por pessoas e indivíduos, trazem em si a cômica, para não dizer trágica e por consequência pessimista realidade dos predicativos, adjetivos e pronomes, neste caso certo, os possessivos, que a um passo reclama individualmente para si, é só para si, os méritos das vitórias e conquistas de um coletivo, e já em um outro passo, incrivelmente o seguinte passo, sem culpa nem vergonha, eximi-se das responsabilidades, fazendo daí sim, reverberar o coletivo das incompetências, a ponto de acentuá-las de tal modo para que as próprias, as incompetências individuais, do mesmo indivíduo, aquele, tão reclamante de ser o responsável pelos méritos, possam ser omitidas e assim, omitidos também possam ser seus fracassos!"

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Nascer e o Viver de um Livro!

O que esperam as palavras, que ao serem agrupadas, transformam-se em frases, que quando trabalhadas, revelam-se em parágrafos, pensamentos e retratos, de histórias imaginadas!?

Nada mais desejam senão que as descubram, que as bebam e se iludam, e se bebendo se inundam, e se vertendo se desnudam de memórias engessadas!

Nasce um livro! 

Seu repouso não o é em uma gaveta, nem tão pouco em uma estante, de que vale seu levante, se suas páginas não as tocam?

Mais valeria continuar confinado, em sua gênese enclausurado em um, ou o outro dos hemisférios, no intelecto a ser visitado, ao menos por aquele que o tem criado.

  

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um país de desigualdades. A desvalorização da Educação. Um esporte que é a paixão nacional. A criminalidade como única alternativa restante.

O professor de Educação Física trabalha com a triste realidade de seus alunos. A maioria sonha se tornar jogador de futebol, e ignora os aspectos e fatores envolvidos na trajetória de quem intenta tal objetivo, o que torna esse sonho algo distante e difícil de ser conquistado. 

Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que focam unicamente este objetivo, caracterizam-se por não apresentarem nenhum plano de ação que os conduza à esta meta, revelando uma postura de acomodação, como quem aguarda uma solução externa para seus problemas.

Nesse contexto, os anos escolares passam sem que estes jovens tenham se preocupado com a adoção de um "Plano B" - dedicar-se paralelamente aos estudos afim de garantir um futuro seguro caso o desejo de tornar-se jogador de futebol não se concretize.

Logo esses jovens acabam por perceber que o tempo não se apieda, e sem um vínculo com um clube de futebol, tornam-se "velhos" para iniciarem na profissão. Serão novos números, em uma estatística que revela ser a maioria os que não conseguem realizar seus sonhos.

Frustrados e sem estudos, estes jovens acabam a mercê de todo tipo de intenções. Buscarão, ainda que por outros meios, a tão almejada ascensão social.

Uma história contemporânea, que trata da desvalorização educacional atual, e do cotidiano de vida de jovens de comunidades pobres que transitam entre o sonho de se tornarem jogadores de futebol, e a realidade da criminalidade que os cerca e seduz.

"Vô se Jogadô" - meu primeiro livro, disponível para vendas em: https://www.clubedeautores.com.br/book/133484--Vo_se_Jogado

domingo, 26 de agosto de 2012

PRÓLOGO - LIVRO: "Vô se Jogadô"!

                                                          LIVRO: "Vô se Jogadô" !


P r ó l o g o




Algumas pessoas levam a vida toda para se darem conta do que realmente fizeram de sua existência! Outras, nem mesmo isso conseguem! O fato é que na hora final, quando somos surpreendidos pela grande e única certeza de nossas vidas – a morte - somos impulsionados a uma derradeira análise acerca de nossa existência, onde as chances de se obter um saldo positivo ou negativo são no mínimo, da ordem de “meio – a - meio”.

“Ali, deitado na grama, sentiu-se feliz e aliviado. Sua sensibilidade estava tão aflorada! Percebia as árvores que o cercavam, as mesmas árvores que sempre estiveram lá. Observava a brincadeira dos pássaros e o ciclo de vida das folhas – mesmo caindo das árvores compunham uma linda paisagem.
Ao fundo escutava uma música, uma melodia - pessoas sorriam e cantavam.
Dona Elza e Titi estavam ali, ao lado dele! Aguardavam com paciência e alegria o desfrute daquele momento.”



Alessandro Morelli

INÍCIO DE UM CAMINHO SEM VOLTA!

A cerca de cinco anos iniciei e terminei a produção de um livro, meu primeiro livro. Fruto de uma vontade instintiva de escrever, somado à uma insatisfação e uma sensação de inutilidade após ter terminado minha segunda pós-graduação na área de Fisiologia do Exercício.
Um dia simplesmente acordei e lá estava a primeira página de um livro em minha mente. Assim, do nada! Rapidamente tomei posse de uma folha em branco, uma caneta, e enquanto tomava meu café da manhã, já me sentindo atrasado para mais uma jornada de trabalho de cerca de 13 horas, escrevi as primeiras linhas de um livro que foi produzido utilizando todos os pequenos intervalos de trabalho e finais de semana daqueles meses subsequentes.
Terminado minha primeira produção, feita de forma frenética, pude perceber ali, naquelas páginas, um relato, um história contemporânea, que trata da questão da desvalorização educacional atual, do anseio de jovens pertencentes a classes sociais mais carentes em se tornarem jogadores de futebol afim de que possam ascender socialmente, e da criminalidade que se apresenta à eles e muitas vezes os seduz como única forma de sobrevivência ou "melhora da condição de vida".
"Vô se Jogadô" é minha primeira produção literária, baseada em minhas experiências profissionais como professor de Educação Física em escolas públicas de periferia.
Mas pode-se questionar? Se este livro foi escrito a mais ou menos cinco anos atrás, porque só agora foi publicado?
A jornada de um professor é extensa, tendo que trabalhar por muitas horas diárias, as vezes pouco tempo nos resta para investir em nossos sonhos. Em contrapartida, existe hoje uma dificuldade para novos autores publicarem suas obras em Editoras Tradicionais, quer seja pela grande quantidade de novos originais que elas devem apreciar anualmente, ou mesmo por preferirem investir em autores consagrados.
De qualquer forma, o principal motivo que me levou a publicar meu primeiro livro neste ano, foi o fato de que de repente, durante a leitura de INTERMITÊNCIAS DA MORTE de SARAMAGO, senti-me inspirado em produzir novamente. 
Como da primeira vez, uma avalanche de ideias tomou minha mente e quando percebi já estava escrevendo as primeiras páginas de um novo livro. Contudo um pensamento me assolou: "Como escrever um segundo livro sem nem mesmo ter publicado o primeiro?". Para mim, não parecia algo lógico. E assim, pausei por alguns dias o novo projeto e pus-me a buscar alternativas para a publicação de meu primeiro livro.
Dentro do contexto já citado, relacionado as dificuldades de publicação de livros por novos autores, optei por sua publicação em um Editora Virtual por demanda: CLUBE DE AUTORES.
O livro pode então ser adquirido via internet, em dois formatos à escolher: 1- Tradicional/Impresso - entregue via Correios; 2- eBook (Livro Eletrônico).

Espero que gostem da produção!!! 

Ah, já voltei a escrever meu segundo livro que deverá estar pronto no final do presente ano.

Abraços à todos.