quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O PAPEL DA CRÍTICA!


Toda boa e responsável crítica contestatória deve ser realizada tendo como parâmetro suas funções básicas, simples, porém extremamente fundamentais. São elas: alertar, questionar, propor soluções, desejar mudar/melhorar.

Para tanto, se faz necessário dominar o assunto que se pretende abordar, conviver no ambiente que se pretende analisar, e principalmente, viver as experiências as quais se pretende opinar e propor transformações.

A vivência e interação com o contexto que se pretende influenciar é premissa Sine Qua Non para aquele que faz da crítica um ato responsável, uma ação que prima por objetivar a reconstrução das ações, estratégias e cenários, que após análise preliminar, mostraram-se ineficazes em promover os objetivos a que se propuseram.

Contudo, a crítica exercida sem parâmetros e critérios, muitas vezes realizada por pessoas desprovidas de um mínimo de ética e conhecimento técnico/profissional relativo ao objeto/ação/projeto criticado, revela um único e infeliz objetivo, o de denegrir o objeto da crítica.

Costumo alertar e recomendar cuidado para com pessoas que possuem o senso de crítica enraizado em suas ações sem, contudo, comprometerem-se com a parte fundamental do processo – a sugestão de possíveis soluções para os problemas analisados e criticados.

À estes, cujas ações não se estendem além do apontamento de possíveis erros, deve-se atentar constantemente, uma vez que não se comprometem sob circunstância alguma com o todo, possuindo uma visão e ação egocêntrica, fomentando ações que possam surtir efeitos positivos apenas pra si, em detrimento de outros.

Melhor dizendo - na tentativa de facilitar o entendimento - quando um sujeito envolvido direta ou indiretamente em alguma situação, ação, projeto, etc. tende a agir de forma acentuada, fazendo o apontamento contumaz dos erros, inclusive criticando outras pessoas de forma antiética, sem o mínimo de postura profissional e principalmente, sem oferecer sugestões de soluções e mudanças que possam, sobretudo, reverter o quadro negativo por ele acentuado, há de se questionar: Com que propriedade esta crítica está sendo exercida? Qual a base de sustentação para o exercício desta crítica?

Não é de se espantar, ao se questionar e analisar as ações daqueles que só fazem criticar, que encontremos erros, desmandos, falta de comprometimento e de profissionalismo em grau muitas vezes superior ao daqueles outrora criticados por estes sujeitos.

Não raro, ações pontuais e constantes de apontamento de problemas e críticas, acabam por serem utilizadas como uma forma de se acentuar o problema dos outros, ao mesmo tempo em que se desvia a atenção dos próprios problemas.

Não se trata aqui de se exercer uma crítica aos críticos (não pude resistir!). Porém uma crítica consciente, responsável e eficiente deve estar muito bem embasada, tendo como objetivo máximo alertar para as questões que se apresentam equivocadas, questionar os erros e problemas que se pôde visualizar por meio da vivência da situação analisada, e sobretudo, propor soluções, mudanças e ações que possam gerar os benefícios esperados.

Tudo isso deve ser feito com muito profissionalismo, respeito e ética! É desse tipo de crítica e crítico que todos nós necessitamos! 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O QUE ME INSPIRA À ESCREVER?

Tenho andado um tanto preocupado comigo, com meus anseios, pensamentos e produções.
Apesar de me considerar um sujeito feliz, e ser um bom apreciador das coisas belas da vida e de tudo aquilo que torna um ser humano alegre (ou deveria tornar), tenho percebido uma certa dependência estabelecida no processo criativo para elaboração de meus textos.

É certo que todo aquele que produz, escreve sobre algo, alguém, algum lugar, e assim, por consequência, estabelece sua produção por meio da dependência e/ou interdependência destas questões.

Contudo, percebo que minha inspiração está alicerçada e por isso depende, de questões que têm por característica provocar-me insatisfação, angústias, anseios e por vezes, indignação.

Ao me deparar com alguma injustiça, arbitrariedade ou violência, pronto estou a buscar uma caneta, papel, ou o teclado do computador, a escrever naturalmente, instintivamente, sobre as percepções e questionamentos que surgem espontaneamente.

Não que isso seja um problema! Pelo menos para mim não é. Porém, ultimamente ando me questionando: Será que belas passagens, vividas com amigos, cerveja gelada no bar, café e pão na chapa da padaria, não poderiam se transformar em belas e suaves crônicas em meu intelecto?

Ahhh, tarefa árdua e quase impossível! Ao menos à mim. Novamente lembro-lhe, caro leitor, que amo a vida, os amigos, a cerveja gelada do bar, os cafés e as padarias, e sou extremamente feliz por poder desfrutar de tudo isso, porém, apenas desfrutar.

Escrever!? Para mim, só se for para questionar, alertar, polemizar, propor soluções, procurar mudar.

E convenhamos, vida regada à cerveja gelada, na companhia de bons amigos, em um bom e velho barzinho, finalizada por um belo café de padaria jamais deve ser questionada, mudada ou solucionada afinal, situações como estas, em inúmeras vezes, poderiam se tornar a solução para muitos dos nossos problemas. 


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UTOPIA E INGENUIDADE DE UM EDUCADOR!

Tenho refletido há algum tempo sobre as questões urgentes que evolvem a Educação Escolar Pública nos dias atuais! A falta de estrutura patrimonial em geral, baixa remuneração de professores, desmotivação profissional dos sujeitos envolvidos no processo educacional, são alguns dos pontos que me preocupam e geram apreensão.
Contudo, certamente, a desvalorização educacional pela sociedade, e a falta de significação da escola para os alunos que nela se encontram (entende-se aqui por significação, a relação que o aluno é capaz de fazer entre a escola e seu cotidiano de vida atual e futuro, preferencialmente no mercado de trabalho e em suas relações interpessoais), revelam-se, para este Educador que vos escreve, o problema central deste sistema complexo, o tumor que a anos vem minando as forças daqueles que ainda acreditam e sonham com uma Escola de qualidade, que trabalhe de maneira efetiva, e que seja capaz de mediar a apropriação por parte dos educandos, de conhecimentos e ferramentas que sejam decisivos na determinação de um futuro promissor, em última análise, de um mundo melhor.
Em suma, creio que nos dias atuais, já não basta apenas investir em estrutura física, tecnologias, e nos salários dos profissionais da Educação. Não que tais investimentos não sejam necessários, muito pelo contrário, são urgentes, entretanto, mesmo que estes fossem realizados de forma imediata, ainda sim seguiríamos nossos dias colecionando frustrações e desânimo.
Nós, Educadores, descobriríamos que a equiparação e aumento salarial imediatos não serviriam para sanar nossos maiores e mais atuais problemas: as já citadas FALTA DE VALORIZAÇÃO EDUCACIONAL E FALTA DE SIGNIFICAÇÃO DA ESCOLA para a sociedade.
Para que a escola e a educação possam cumprir seu papel social, faz-se urgente a elaboração e adoção de planos, estratégias e ações que busquem transformá-las em laboratórios ativos de preparação para a vida que segue em seu curso futuro, de um futuro quase presente, que se apresenta tão velozmente que as vezes confunde-se com o passado - admitindo que atualmente, em algumas áreas, o ontem já é, efetivamente, parte do passado.
Para isso não basta apenas remunerar os profissionais, e sim, promover capacitações e atualizações constantes! Construir novas identidades, estratégias, métodos, que tornarão as aulas mais dinâmicas e os conteúdos mais interessantes e apropriados para o cotidiano de vida que se apresenta.
Neste contexto sim, a remuneração justa e adequada se faz necessária, pois irá permitir que o profissional não tenha que trabalhar em três períodos para sobreviver, sacrificando o tempo precioso que deveria ser empregado em cursos, atualizações, capacitações, planejamento de aulas e ações, etc.
Por um outro lado, tão ou mais importante, é a necessidade da adoção de uma postura aguda, que represente uma VONTADE POLÍTICA incisiva de se VALORIZAR A ESCOLA E A EDUCAÇÃO! É preciso conscientizar a população com relação a importância e a necessidade de se obter conhecimentos, cultura e ferramentas que possam de forma efetiva promover uma transformação social e a melhora das condições de vida. 
E estas ações deveriam sempre partir do GOVERNO, para quem a ignorância, a falta de educação e dos valores éticos e morais deveriam ser alvo constante de combate e erradicação.

Sei que estas frases, sobretudo as últimas, parecem revelar certa utopia ou ingenuidade deste que vos escreve! Sou EDUCADOR, e como tal, se ainda não fosse provido de certo ideal utópico e de certa pincelada de ingenuidade profissional, certamente haveria de ter abandonado a profissão tamanha a desilusão que a realidade nua e crua nos oferece!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

RESPEITO E COMPROMETIMENTO COM O CIDADÃO - o melhor legado que se pode deixar!

Confesso que o tema revela-se por demais complexo e delicado. Sobretudo para mim, profissional da área da Educação Física, naturalmente identificado com o esporte. Contudo, com a publicação de um livro que discute a questão referente ao sonho de jovens carentes em se tornarem jogadores profissionais de futebol, e a criação - dentro do contexto do livro - de um contraponto com a desvalorização educacional, a criminalidade, a falta de investimentos financeiros e em ações efetivas em áreas como saúde, segurança, entre outras, em nosso País, não poderei furtar-me à expressar minhas reflexões com relação a realização de "Mega Eventos Esportivos", tais como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016!

É inquestionável e inevitável que eventos deste porte, com tamanho potencial de marketing, de abrangência à nível mundial, acabem por gerar um grande influxo de dinheiro na economia de nosso País, quer seja pela atração de investidores e investimentos, ou mesmo pelo impulso movimentador da economia em diversos setores – hoteleiro, gastronômico, comercial, turístico, de transporte, entretenimento, entre tantos outros, inclusive o próprio comércio informal.
Dinheiro líquido e certo! Quem não se anima com tal potencial?
Toda esta atmosfera tem o poder imediato e estimulante de proporcionar à todos os envolvidos neste contexto, inclusive a própria sociedade, uma postura de condescendência para com ações emergenciais - na realidade estratégicas em sua origem política - de contratações de serviços, de pessoal e empresas, sob custos altíssimos, para a realização das obras de infraestrutura, treinamento, etc, tendo como justificativa um aparato legal - melhor apreciado como brecha - o caráter diferenciado e emergencial para a realização das referidas ações, devido ao tempo limite de tempo para a execução, o que abre a possibilidade de se contratar sem a necessidade da observância de questões que deveriam assegurar um processo democrático e justo de licitações. Temos aqui uma porta escancarada para o desvio de verbas e enriquecimento de poucos envolvidos em detrimento de um País caracterizado por desigualdades sociais.
Da mesma forma, procura-se defender e justificar a realização destes eventos, tendo como base o legado que se é herdado após suas realizações. Aparelhos esportivos e tecnológicos de última geração, melhorias em estruturas de transporte viário e aéreo, estruturas arquitetônicas operacionais e residenciais, que dentro de um "imaginário idealista", estariam prontamente a disposição da sociedade, tão logo o encerramento destes eventos se desse, para pronta apropriação e consumo.
Pessoalmente não posso afirmar que confio na competência e no comprometimento dos governantes brasileiros em manter e administrar de maneira eficiente este legado. Como confiar em tamanho comprometimento e eficiência, se estas posturas, tão fundamentais para o exercício da democracia e justiça, tão pouco são adotadas nos processos de preparação destes eventos?
Porém, não exponho aqui apenas minha opinião. Sugiro a leitura de uma pequena reportagem (representativa de outras tantas notícias que se pode ter contado após breves pesquisas) que encontra-se no link: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/11/prefeitura-desiste-de-reforma-e-confirma-demolicao-do-velodromo.html, e que representa muito bem não só o risco de se empunhar a bandeira de que no Brasil "apesar de tudo ficar para a última hora, acaba acontecendo" (postura enraizada e "aceita" em nossa cultura local, porém um motivo de constrangimento nacional ao tentar impô-la como natural ao mundo), como também o descaso do poder público com os gastos realizados em estruturas inadequadas para a prática do esporte, a ponto de ter que se inutilizá-las após cinco anos passados de sua data de construção. Refiro-me como exemplo ao Velódromo construído na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2007 devido a realização dos Jogos Panamericanos, realizados naquela cidade no referido ano. Foram gastos (na época) em torno de R$ 14 milhões em uma estrutura que atualmente foi recusada pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016, por possuir uma séria de problemas conceituais em seu projeto, o que torna inviável sua utilização.
Demoli-se o "antigo", constrói-se um novo, sob a justificativa de cumprir com os padrões exigidos, por um valor maior estimado em dez vezes - R$ 140 milhões. 
Contudo, o que mais me impulsiona a reflexão é a seguinte equação: em um País de tantas desigualdades sociais, com tanta falta de investimento em setores fundamentais e básicos para a garantia de uma vida digna (educação, saúde, transporte, segurança, onde pessoas vivem em condições sub-humanas, ainda morre-se de fome, ainda sofrem com a falta de água, ainda vive-se nas ruas à margem da sociedade - NENHUM LEGADO DE UM EVENTO ESPORTIVO, POR MELHOR QUE SEJA, SERÁ MAIS IMPORTANTE DO QUE CUIDAR DE SEUS CIDADÃOS COM RESPEITO E COMPROMETIMENTO!