terça-feira, 18 de dezembro de 2012

QUE A CHUVA CAIA!

Sinto um, dois, três, mais e mais pingos de chuva a tocar meus ombros, cabeça, face e peito. Num impulso retiro um dos pés do chão! Primeiro movimento, reflexo, automático, de quem pretende no segundo seguinte disparar em fuga! Porém, graças a intuição, ao sopro divino de inspiração, torno a pousar o pé no solo. Aquele mesmo, que à um segundo atrás punha-se a elevar-se e a iniciar a debandada!
Quanta felicidade por ter ficado! Nos momentos que se seguem, os pingos que antes eram dez, onze, doze, agora tornaram-se incontáveis, tamanha a quantidade de vezes em que me atingem e a velocidade em que percorrem o céu, como se tivessem pressa em me banhar! Cheiro de terra molhada invade meu olfato, meu espírito! Ativa a memória e traz a criança que mora em mim, aquela do interior, de pés descalços, sem camisa e barcos de palito a competir nas enxurradas das chuvas. Gripe, leptospirose, nunca vi! Cheguei até a acreditar que não existiam, pelo menos nas enxurradas de Assis! Ou se existiam, tinham pena de adoentar crianças tão "crianças", cuja a única preocupação era a de obedecer os pais e se divertir.
Caia chuva! Venha sem rodeios! Deita em meu corpo seus pingos de alegria! Banha minha memória com as lembranças mais bonitas! Leva com sua força minhas imperfeições e renova minhas forças para o dia de amanhã!
E pensar que quando começou a pouco a precipitares do céu, eu quase fugi de ti!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

JUSTIÇA SE FAZ COM CONHECIMENTO, POSTURA, VONTADE E BOM SENSO!

Nos últimos meses temos acompanhado no STF o julgamento referente ao Mensalão. A análise acerca da condução do referido julgamento, bem como das inferências, debates e resultados, sobretudo, das condenações, propicia à população brasileira um sentimento de mudança de rumos, de quebra de paradigmas, de prevalência da justiça, em seu maior grau de aplicação.
Em resposta à zombaria e incredulidade por parte da maioria dos réus - que não acreditavam na condução de um processo sério, honesto e justo - o STF demonstrou comprometimento fiel e inabalável com a estrutura democrática de nosso país e com a nossa sociedade não obstante a relação dependente existente  entre o processo de nomeação dos notáveis Ministros e o Senado e a Presidência da República. 
Dessa forma, creio que o processo de julgamento do esquema conhecido como Mensalão revela-se como um divisor de águas (assim realmente espero) na política e justiça brasileira, atuando primariamente para a apuração, responsabilização e punição dos sujeitos envolvidos no esquema e, secundariamente, como um aviso, uma determinação clara e séria, de que daqui para frente tanto a sociedade, quanto seus órgãos de proteção, em todas as instâncias, em especial o STF, não tolerarão o abuso do poder político e econômico de seus representantes, nem qualquer forma de dolo as instituições públicas e democráticas.
Contudo, o processo de julgamento do Mensalão encontra-se em uma fase de discussão e votação quanto a quem caberia a responsabilidade de cassação dos mandatos atuais e direitos políticos dos réus condenados - se ao próprio STF ou ao Congresso Nacional. Este momento tem se caracterizado por uma divisão de opiniões e posturas dos Ministros quanto ao entendimento da questão, o que resulta em apreensão social.
Se por um lado o STF trouxe-nos não só a sensação, mas sobretudo uma boa dose de certeza e esperança em relação a aplicação da justiça e defesa dos interesses de nossa nação, por outro, não podemos e nem devemos - dado o histórico - confiar na atuação do Congresso Nacional no que concerne à execução das penas de cessação dos mandatos atuais e dos direitos políticos dos réus condenados.
Aliás, já circulam na mídia séria e comprometida com o processo, informações acerca de estratégias e ações que já começam a ser arquitetadas e desenvolvidas pelo Congresso, tendo como único e maior objetivo a proteção de seus pares condenados, um verdadeiro conluio que fere e abala profundamente os alicerces da justiça e democracia nacional.
Não teria a pretensão, em hipótese alguma, de me lançar em discussões jurídicas e legais com nossos honrados Ministros do STF, uma vez que me falta nitidamente conhecimento e competência profissional para tal, contudo, o que não me falta é discernimento e bom senso. 
Não é preciso - em um país como o nosso - ser um notável jurista para saber que se o Grand Finale deste processo ficar a cargo de nosso Congresso Nacional, correremos o sério risco de se ver posta abaixo toda a justiça que até o presente momento foi feita de forma tão pontual e inédita em nosso País.
O mesmo discernimento e bom senso não me permitem entender qual a dúvida existente em relação a imediata ou não cassação dos atuais mandatos dos réus condenados no processo, sobretudo em tempos de aprovação e aplicação da lei da ficha limpa, e principalmente, uma vez que os crimes cometidos tiveram como base fomentadora a posição política que os mesmos possuiam. Tirá-los dos cargos é garantir a não continuidade deste esquema vil, e tão prejudicial à nossa nação.
 A verdadeira justiça se faz com conhecimento, postura, vontade e bom senso!