quarta-feira, 10 de outubro de 2012

DIA DA CRIANÇA! VONTADE DE SER CRIANÇA!

Poucas coisas me fazem assumir posturas saudosistas! Costumo avaliar minhas experiências considerando diversos aspectos - evolução espiritual, desenvolvimento intelectual, financeiro, afetivo, etc - e por fim, acabo quase que na maioria das vezes, por chegar ao mesmo resultado: o de que procurei viver o melhor e mais intensamente possível todas as fases da vida que se fez presente, até o momento presente, tendo como base os ensinamentos de meus pais, minhas condições atuais de evolução espiritual e a relação permanente com o mundo e as pessoas. Errei muitas vezes, porém meu verdadeiro e honesto objetivo sempre foi o de acertar.
Contudo, antes que me disperse, escrevo para dizer que talvez a única fase de minha vida da qual realmente guardo uma saudade imensa, àquela que gostaria de voltar por alguns momentos, sobretudo os mais difíceis, é a minha infância. A infância que se desenrolou em uma época em que o ingresso à escola se dava só após aos sete anos de idade, o que conferia à nós uma quase plena liberdade de responsabilidades.
Nesta época tínhamos apenas o compromisso com a felicidade, a alegria e os amigos. Se cumpríssemos coisas e tarefas básicas do convívio familiar, tais como respeitar nossos pais, não sairmos dos perímetros delimitados no bairro para brincarmos, não brigarmos com os amigos (por mais que isso fosse difícil e por mais divertido que pudesse ser), o lazer e a alegria estavam garantidos.
Vale lembrar-nos que nesta época o trânsito não era tão caótico, e a violência não nos afligia como atualmente. Dessa forma, nossa rua, nossos vizinhos, nosso bairro eram nossa escola. Sabíamos o nome daqueles com quem andávamos, de que família vinham, do que gostavam, o que seus pais faziam. Tudo isso criava um forte e imenso laço de amizade e cumplicidade, companheirismo, afetividade e respeito. 
Lembro-me desta época, de pés descalços, sem camisa, apenas um velho short a nos caracterizar. Lembro-me do rosto suado, a poeira escorrida na pele, o cabelo molhado atrás da cabeça e o dedão do pé ferido na ponta: como se dizia na época - sem o tampão - aliás por diversas vezes perdia os dois, dos dois grandes dedos do pé...rs...estou morrendo de rir só de lembrar.
Recordo-me que ao retornar para casa com o único objetivo de se alimentar e retornar para as brincadeiras,  ia para o tanque de lavar roupas, pois não havia a facilidade da máquina, e lá mergulhava minha cabeça toda, enfiava os dois braços, para que toda a herança maravilhosa em forma de sujeira e poeira pudesse ser lavada, não só para que pudesse se sentar à mesa, sobretudo para que pudesse retornar às brincadeiras com o corpo "zerado", preparado para mais uma saraivada de alegria, poeira, suor e acima de tudo amor. Amor pela vida, pela família, pelos amigos. 
É desta época que as vezes sinto saudade. Uma saudade alegre, não melancólica. Se pudesse por vezes retornar por alguns minutos, reabasteceria-me com os sentimentos, as sensações e o amor que orientavam àqueles momentos. Me tornaria menos tenso, mais leve, menos autocrítico. Encontraria-me novamente com a alegria espontânea, desinteressada e simples. 
Se fisicamente não me é possível tal feito, pelas palavras e memória posso reencontrar-me, trinta anos mais moço, três décadas menos endurecido, enfim, liberto!
Semana da criança! Saudade da cara suja, do dedo do pé ferido, de andar abraçado com os amigos pela rua, debaixo de chuva, em dia de nuvens, sol e arco iris, em dia de picolé - e quem acabar com o seu primeiro ajuda o outro....rs.

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