sábado, 26 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DE UM SHIMEJI - E vai dizer que a vida não vale a pena!

Tarde de sábado, chuva boa lava a alma da gente, e infelizmente atrapalha o feriado e final de semana dos paulistanos no litoral!
Família reunida em casa, pai, mãe, filha cachorra, linda, lhasa apso, PRINCESA, e filho tão esperado - HEITOR, e filha distante, porém sempre lembrada e amada, ANA JÚLIA, aqui estamos, à esperar! Esperamos a visita de quem pretende nosso apartamento comprar! E ao comprar este espaço, que transformamos em santuário, com certeza terão, os felizardos desta aquisição, a certeza de que herdarão não um espaço, um apartamento apenas, mas sim, um lar, onde sempre imperou o amor e a união.
Contudo, passamos a tarde à esperar a visita de alguém que não apareceu! E o que poderia tristeza se transformar, na verdade inspiração floresceu!
Surgiu durante um programa de TV, onde o sonho de um guerreiro de uma comunidade pôde ser realizado! Não por assistencialismo barato, mas sim por merecimento, o assunto era YAKSOBA na favela.
Depois de enxugar minhas lágrimas e crer mais uma vez que o mundo está repleto de belas histórias, senti uma inspiração maluca, simples, porém maravilhosa! Tenho uma linda esposa que está grávida, e impossibilitada de satisfazer seu paladar que tanto ama comida japonesa! 
Inspirado escutei em meu ouvido direito: levanta, sai e compra SHIMEJIS E SHITAKS, prepara os cogumelos que ela tanto adora.
Meu DEUS, como é louca essa vida! De um "cano" do pretendente a comprar o apartamento surgiu a inspiração desse jantar!
Imediatamente corri comprar meus cogumelos, cebolinha, shoyu e tudo o que deixa este prato especial! E em cada segundo que se seguiu à decisão de cozinhar para quem amo, pude experimentar toda a felicidade que é proporcionada àqueles que se dedicam ao amor.
Para um momento tão especial não poderia deixar de abrir um vinho magnífico: SEPTIMO DIA - de BODEGA SEPTIMA - maravilhoso, indicação de um amigo querido- RODRIGO - nosso guia em Bariloche, entendedor e conhecedor dos melhores vinhos patagônicos. Meu querido amigo, veja que ironia nos aflige, não pude encontrar este vinho em suas terras, tão indicado que foi por ti, porém não descansei enquanto não o encontrei, e mesmo que tenha sido pela internet, comprei um exemplar deste suco dos Deuses! E como é maravilhoso! Estava certo em sua descrição e indicação! Te devo esta! Depois desta crônica, comprarei mais dois!
Mas seguindo, o jantar, como é bom fazer o que se gosta para quem se ama. E pude curtir em uma noite de sábado de chuva, todas as etapas de um carinho, manifestado pelo ato de cozinhar, numa cozinha tão decorada, que em breve deixarei para trás.
Lava-se os cogumelos, pica-se a cebolinha, manteiga na panela, e vinho enquanto ela derrete.! Quando o ponto está visível, shimeji e shitak são adicionados, cozinha-se no tempo certo, até que o shoyu, o saquê e a cebolinha sejam adicionados. Tudo à seu tempo e a sua medida! 
Sai do fogo a fumegar, o cheiro por si só já nos satisfaz! E já na primeira "garfada", o prato que com tanto amor foi idealizado e feito, é capaz de nos dar a certeza de que estar num sábado, em casa, com a familia, é a melhor escolha que fizemos nos últimos tempos. 
E por amarmos a vida e nossos amigos, dividimos com todos nossas alegrias. Pelo Face, Instagram ou telefone, até mesmo pelo pensamento naqueles que não temos contato direto.
Para a vida ofereço essa oportunidade! Para o meu amor - Larissa - ofereço esse dia! Para meus filhos - Ana Júlia e Heitor - ofereço o meu melhor! Para os amigos que conheci em Bariloche - minha saudade e vontade de lhes reecontrar, e para meus amigos de longa data, deixo meu amor e minha admiração!
E vai dizer que a vida não vale a pena?


BEIJO DA CHUVA


Brisa fresca que pela varanda adentra,
as costas afaga e também encanta,
mostra a sabedoria de um Deus que acalenta,
após dias quentes de quem nunca descansa,

beija-me à face os pingos da chuva,
lava-me a alma, o corpo e a vida,
e se esta é infinita, duas ou uma,
és pra ser vivida sem sombra de dúvida!

E neste mister de sol e de chuva,
nesta troca de afeto e amor,
que a vida se faça sem medo e sem dor,
verdadeira expressão de Divindade Una!


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

EU ACREDITO NA HUMANIDADE E VOCÊ?

Há algum tempo venho estabelecendo um diálogo estreito com minha consciência, meus conhecimentos que não são muitos e meus valores, aqueles que venho adquirindo com o passar dos anos e com o contato com a vida em sociedade, numa tentativa sincera e ansiosa de compreender as nuances do convívio social.

Tem me chamado a atenção o fato irrefutável de que de uma maneira geral esta sociedade, da qual sou parte, e por isso sofro sua influência e, da mesma forma, à ela influencio, tem se dedicado de forma demasiada a enfatizar e valorizar sobremaneira o MAL, o RUIM, ou seja, o NEGATIVO!

Se buscarmos analisar o interesse da mídia em seus noticiários e programas televisivos, jornais e revistas,  e da própria rede mundial de computadores, notaremos uma quase plena disposição em enfatizar as notícias que envolvem questões ligadas à violência, a impunidade, à vulgaridade, ou seja, à deturpação de valores sociais tão fundamentais para alicerçar-se uma sociedade que se pretenda justa e igualitária. 

Acredito verdadeiramente que tenhamos uma infinidade de casos e exemplos espalhados pelo mundo de ações, posturas, projetos e sentimentos que visem promover e incentivar única e exclusivamente o bem, estabelecendo um ambiente positivo e esperançoso, rumo à um mundo mais justo, mais feliz, mais humano.

Contudo, nem as diversas mídias parecem dedicar-se de forma adequada e eficiente à estas questões - que são as que realmente importam e são capazes de modificar os paradigmas existentes - e nem muito menos as pessoas, de forma individual, têm buscado agir espontaneamente em prol de uma sociedade melhor.

Uma afirmação deste porte pode parecer pessimista por excelência, ou mesmo rigorosa por demais. Entretanto, não se trata de afirmarmos que vivemos em um mundo onde as atitudes negativas sobrepõem-se às positivas, e sim, realçarmos a existência de uma forte tendência em supervalorizar valores negativos em detrimento dos positivos.

Não pretendo aqui, aprofundar-me em questões e discussões complexas que envolvam o caráter e o desenvolvimento humano em suas diversas vertentes. Porém, me parece muito claro que dois dos principais motivos que tem levado à sociedade à uma perigosa perda gradativa de seus valores, e por consequência, de sua base de sustentação, são a ganância material e o individualismo.

Quando o ser humano passa a desenvolver a ideia de que para ser feliz e completo ele tem que possuir cada vez mais bens materiais, conquistar cada vez mais títulos e posses, ele passa a enxergar o outro não como um aliado para o seu desenvolvimento, mas sim como um obstáculo para tal. Da mesma maneira, o  desenvolvimento do individualismo tem criado um perigoso campo de ação humana, concorrendo efetivamente para o abalo das estruturas fundamentais de nossa sociedade, pois a partir deste prisma, o que passa a interessar não é o que promove o desenvolvimento de todos, mas sim, o que promove a sobreposição de um indivíduo em relação ao outro.

Neste contexto, se adicionarmos à este "molho" o tempero do dinheiro, da impunidade, e do descaso geral, teremos a justificativa para estas ações individualistas e para a banalização de situações que outrora deveriam nos causar repulsa e rejeição. A venda da virgindade por meio de um leilão, a venda de votos sejam de eleitores ou de congressistas, o comércio de seres humanos, sejam para fins de trabalho escravo sexual, ou de bebês para adoções ilegais, são exemplos claros e contemporâneos do quão letal é para uma sociedade, embasar suas ações e valores tendo como focos principais o materialismo e o individualismo.

O ser humano precisa produzir para desenvolver-se, isso é fato! Porém, estas ações devem desenvolver-se sustentadas pela ética, pelo respeito ao outro e pela cooperação. Da mesma maneira, não afirmamos aqui que deva haver o alijamento da individualidade humana e de todas as características individuais e únicas que possuímos, que em última análise, nos classifica e situa como seres distintos.

Contudo, propõem-se o correto entendimento e gerenciamento da questão da individualidade humana, que nos torna únicos em relação à nossa composição, responsáveis individualmente pelos nossos atos, porém comprometidos com um desenvolvimento maior. Trata-se do desenvolvimento de uma humanidade toda, muito mais importante e necessário do que qualquer ação individual, pois ao enfatizarmos o bem para a sociedade, estaremos garantindo o bem para cada um de nós.

Entretanto, se dermos continuidade as ações que hoje estamos adotando, procurando cada um, de forma individual e isolada, desenvolver-se da maneira como melhor nos convém, atribuindo à nós os eventuais sucessos que vivenciamos e aos outros, os problemas que nos afligem, certamente caminharemos rumo a degradação de nossa sociedade e da humanidade.

Por isso acredito verdadeiramente que devemos adotar posturas, ações e pensamentos positivos, cooperativos, em direção ao BEM, numa tentativa eficaz de se reverter a tendência atual de se evidenciar o que é ruim, degradante e pessimista. A modificação deste quadro depende diretamente do envolvimento de todos os segmentos socais - mídias, jornais, revistas, programas televisivos - mas sobretudo, da dedicação de cada um de nós, na busca de um mundo mais belo, justo e feliz.

Eu acredito na humanidade, e você?

domingo, 6 de janeiro de 2013

LEI DE COTAS PARA ENSINO SUPERIOR


Tenho acompanhado notícias acerca da nova Lei de cotas que determina um percentual mínimo de vagas em Instituições Federais de Nível Superior (até 2016 deverão ser 50%) a serem destinadas à estudantes que cursaram integralmente o Ensino Médio em Escolas Públicas. Ainda dentro destes percentuais, segundo a mesma Lei, deverão ocorrer subdivisões com o intuito de contemplar e garantir o acesso àqueles alunos oriundos de escolas públicas e com renda familiar de até 1,5 salários mínimo. Será ainda considerado um percentual de vagas destinado àqueles estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas.

A determinação de leis e ações que visam garantir e promover efetivamente o acesso e a permanência no ensino superior de grupos socialmente discriminados revela-se como mais um importante passo rumo à democratização da educação nacional que historicamente é caracterizada por contemplar em seu passado à elite social.

Contudo, importante se faz a análise do contexto promotor de tais ações para que possamos de forma responsável e sem permitir que a ingenuidade nos envolva, compreender a realidade dos fatos, e a partir daí assumir posturas e ações que possam exigir dos governantes não só ações paliativas no setor educacional, mas sim, estratégias, planos e projetos que visem à qualidade da Educação Nacional num âmbito mais robusto.

Neste cenário, se por um lado a criação da Lei de Cotas permite corrigir um déficit existente no preenchimento de vagas por esses segmentos menos favorecidos e por assim dizer “vitimados” por um sistema e uma sociedade que ainda privilegia sua elite, por outro, descortina uma triste realidade ainda existente, no que tange a falta de qualidade do ensino público nacional em seus níveis básico e fundamental.

Esta é para mim a maior preocupação quanto a Educação Pública Nacional. No passado as estatísticas apontavam para altos índices de analfabetismo e crianças fora das escolas. Com isso, planos e ações foram traçados e executados para que estes números fossem revertidos. Passamos mais de duas décadas nos dedicando a elevação da quantidade de alunos presentes nas escolas públicas, porém o maior acesso e permanência por parte destes alunos mais carentes e menos privilegiados socialmente não foram suficientes para garantir o seu sucesso no prosseguimento dos estudos, sobretudo à nível superior.

Com muita clareza isto pode ser entendido, pois uma política educacional que privilegia números, estatísticas, e quantidade em detrimento à qualidade de formação de seus alunos, não pode formar efetivamente estudantes capacitados a galgar os degraus da evolução e formação educacional.

Garantir o acesso destes estudantes a educação de nível superior por meio da imposição da Lei de Cotas faz-se necessário de forma aguda, imediata, apenas como forma de minimização das perdas sociais que estamos colecionando à décadas.

Contudo, paralelamente a estas ações, outras tantas deverão ser elaboradas e efetivamente executadas nos níveis básico e fundamental do ensino público nacional. Investimentos em estruturas, tecnologias, formação e atualização dos professores, bem como sua melhor valorização. Diminuição do número de alunos por sala de aula, destinação de parte da carga horária de trabalho do docente para o planejamento de suas atividades, estudos e pesquisas, entre tantas outras ações, são alguns, entre muitos exemplos de estratégias que primam pela qualidade do ensino público e por consequência, pela melhor formação educacional dos alunos.

Se pretendemos realmente melhorar a qualidade de vida de nossa população por meio da melhora na sua formação educacional, devemos optar por projetos e ações sérios, de caráter qualitativo, em todos os níveis educacionais.

Entretanto, se continuarmos optando apenas por ações agudas e assistencialistas, que criam imposições sem basear-se em pilares sólidos de qualidade, daqui a vinte anos estaremos nos deparando com a criação de Leis de Cotas para a garantia de vagas de empregos e em concursos de caráter público para estudantes oriundos de institutos públicos de educação superior, como forma de garantir o exercício profissional daqueles que apesar de terem cursado o nível superior, não tiveram como foco maior a garantia da qualidade de seus estudos.